Das três Botas de Prata à Lei de Murphy. Jackson está de volta a Portugal

Jackson Martínez foi apresentado esta quarta-feira como reforço do Portimonense, depois de quase dois anos sem jogar na China devido a uma grave lesão no tornozelo. "Preciso de sentir-me novamente jogador de futebol", referiu, agradecendo a confiança do clube algarvio
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15 de julho de 2015 marca um ponto de viragem na carreira de Jackson Martínez, que nesse dia assinou contrato pelo Atlético Madrid, depois de um trajeto ascendente começado no seu país, no Independiente Medellín, seguido de etapas goleadoras nos mexicanos do Chiapas e no FC Porto, pelo qual alcançou por três vezes o título de melhor marcador da I Liga (2012/13, 2013/14 e 2014/15).

Após três Botas de Prata nos três anos em que jogou de azul e branco, tudo indicava que o campeonato português já era pequeno para o avançado colombiano e que o seu lugar era numa das ligas de topo. O Atlético Madrid chegou-se à frente e pagou 35 milhões de euros pelo passe do colombiano, mas desde que aterrou na capital espanhola e se percebeu que não seria titular indiscutível, que passou a imperar a famosa Lei de Murphy: "Se algo pode correr mal, vai correr mesmo mal."

Em 22 jogos em pouco mais de cinco meses, foi titular apenas em 13 e ficou-se pelos três golos, um registo bastante inferior ao exibido no Dragão. Se estava ainda em adaptação ou se era mesmo incapaz de se impor num dos principais clubes da Europa - o Atlético foi finalista da Liga dos Campeões nessa época -, nunca se saberá, pois transferiu-se a 3 de fevereiro de 2016 para os chineses do Guangzhou Evergrande. Mais por inflação do mercado do que por valorização no Vicente Calderón, a transação rendeu 42 milhões de euros aos cofres dos colchoneros, que ainda lucraram com cha cha cha.

Mesmo num campeonato menos competitivo como é o da China, ficou aquém da média de golos alcançada em Portugal. Apontou apenas quatro em 15 jogos, antes de sofrer uma grave lesão no tornozelo esquerdo que o levou por duas vezes à sala de operações e o tirou dos relvados até... agora. Não joga desde 26 de outubro de 2016, numa derrota no terreno do Jiangsu Suning (0-2).

Quase dois anos depois, o Portimonense mostrou-se recetivo a recebê-lo por empréstimo por uma temporada, na esperança de novo ponto de viragem na carreira do goleador que apontou 92 golos em 136 partidas pelo FC Porto. Depois de ter sido anunciado assegurado como reforço dos algarvios no último dia do mercado de transferências, a 31 de agosto, e de desde então ter estado na China a resolver questões pendentes, foi apresentado esta quarta-feira como reforço dos algarvios, aos 31 anos.

"Dar o melhor" pelo Portimonense

Jackson Martínez foi oficialmente apresentado esta quarta-feira como reforço do Portimonense, confessando que o seu grande primeiro objetivo é "voltar a jogar". "Preciso de sentir-me novamente jogador de futebol e depois veremos o que acontecerá. O treinador verá como me encontro e tomará a decisão [de o colocar a jogar]. Da minha parte, estarei disponível a jogar o mais rapidamente possível", referiu.

Depois, o goleador colombiano deixou uma palavra aos dirigentes do Portimonense por o terem contratado (chega por empréstimo do Guangzhou Evergrande): "Agradeço ao presidente e ao clube por esta oportunidade. Espero que possamos ser felizes, mas não serei eu a fazer a diferença, o grupo será sempre o mais importante. Mas quero dar o meu melhor e poder ajudar o Portimonense. O passado é passado. Já se escreveu o que foi a minha passagem por Portugal. Desfrutei bastante desse período, mas agora só tenho de pensar no futuro, em dar o meu melhor dia a dia."

Por seu lado, o presidente do conselho de administração da Portimonense SAD, Rodiney Sampaio, afirmou que "o inacreditável acontece", dando crédito ao técnico António Folha. "O primeiro contacto do jogador foi com o 'mister'. Temos de agradecer a aposta feita na nossa proposta, no nosso projeto. A presença do Jackson vai fortalecer o nosso grupo e tenho a certeza de que os objetivos vão ser alcançados", referiu o dirigente.

O treinador do Portimonense elogiou o "caráter enorme" de Jackson Martinez e espera que o jogador "volte a ganhar a felicidade de jogar, retomando aquilo que de melhor ele sabe fazer". "Ele não está parado, ele tem vindo a trabalhar, e muito, para ganhar a condição que mais deseja. Vamos avaliar como está e, progressivamente, perceber até que ponto está em condições de ser utilizado. 90, 60, 30 (minutos), dependendo do estado físico dele e de como se vai sentindo, face à paragem prolongada", explicou Folha.

A cotação do internacional cafetero caiu a pique. De acordo com dados do transfermarkt, depois de ter atingido o ponto mais alto a 1 de julho de 2015, quando o valor de mercado do avançado era de 35 milhões de euros, houve uma acentuada desvalorização. Hoje, segundo o mesmo portal, Jackson vale hoje três milhões de euros. Agora, no Portimonense, vai tentar recuperar a fama de goleador dos tempos do FC Porto.

"Contratação de peso e não de risco"

A condição física de Jackson Martínez levanta algumas dúvidas, mas não aos responsáveis do Portimonense. "Vejo-o como uma contratação de peso e não como um risco. O Jackson vai influenciar o grupo, na medida em que a sua capacidade e experiência serão importantes, mesmo que não esteja, para já, a cem por cento", assumiu o diretor-geral da SAD dos algarvios, Robson Ponte, em recente entrevista a O Jogo.

"Jackson Martínez é um jogador consagrado, que todo o mundo conhece muito bem, incluindo, naturalmente, os adeptos portugueses. Devido ao nosso bom relacionamento com clubes e pessoas da China, surgiu a possibilidade de trazer o Jackson e acredito que é uma escolha acertada, independentemente de estar parado há algum tempo. É um jogador que vem para ajudar e para somar e que será muito útil", acrescentou o dirigente há cerca de uma semana.

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