Darwin tinha razão e correu mesmo bem: Benfica nos oito melhores da Europa
A história europeia do Benfica também se faz de jogos sem grande brilho. É a chamada estratégia, quando corre bem. E hoje correu bem... tal como Darwin tinha previsto na antevisão da partida. O jogo na Cruyff Arena colocou frente a frente dois campeões europeus e desta vez os encarnados levaram a melhor (1-0) e apuraram-se para os quartos de final da Liga dos Campeões. É a quinta vez nos últimos 40 anos (desde que existe Champions na versão moderna) que a equipa da Luz chega a esta fase (1994-95, 2005-06, 2011-12 e 2015-16 e 2021-22).
Os encarnados são agora os únicos representantes portugueses na Liga dos Campeões, depois da eliminação do Sporting com o City. E além de receberem mais 10,6 milhões de euros da UFEA (agregado da época já vai em mais e 64 milhões), ganham novo alento para o que resta da época (estão em 3.º no campeonato e já fora da Taça de Portugal e Taça da Liga). O sorteio dos quartos de final é nesta sexta-feira. Real Madrid, Liverpool, Manchester City, Bayern Munique e At. Madrid entre os possíveis adversários
Contagiado pelo empate conseguido na primeira mão (2-2), Nélson Veríssimo tinha atribuído ao Benfica 50% de hipóteses de passar aos quartos de final, antevendo mesmo um jogo do "gato e do rato"... embora sem dizer quem era quem. Mas, olhando ao que se passou no jogo, é caso para dizer que o rato levou a melhor depois de 90 minutos em que andou a escapar do gato.
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Tal como Erik ten Hag (apostou em 4x3x4, com Jurrien Timber, Lisandro Martínez e Edson Álvarez ), Veríssimo fez três alterações no onze (4x4x2), face ao que jogou com o Vizela na sexta-feira: saíram Valentino Lázaro, Morato e Diogo Gonçalves e entraram Gilberto, Nicolás Otamendi e Everton.
E tal como o técnico neerlandês tinha avisado, a jogar em casa o Ajax entrou muito pressionante, obrigando o Benfica a jogar na expectativa. A boa reação à perda de bola era pouco para uma equipa que não conseguia pensar quanto mais construir ou fazer três passes seguidos. A boa organização defensiva dos encarnados era irritante para os neerlandeses, apanhados na armadilha do fora de jogo vezes sem conta.
Apesar de ter mais bola (64%) e de ter feito mais de 20 cruzamentos em 45 minutos, tirando o golo anulado a Haller aos 7 minutos (exatamente por fora de jogo), o Ajax só teve dois remates enquadrados com a baliza na primeira parte, um de Antony e outro de Gravenberch, ambos travados por Vlachodimos, que assim levou o jogo para o intervalo sem golos.
Ao intervalo, Rui Costa foi ao balneário motivar as tropas. Depois de 45 minutos a aguentar os ataques neerlandeses, a estratégia do Benfica para o segundo tempo teria necessariamente de ser outra. Algo mais atrevido que permitisse a saída em posse. O que no entender de Veríssimo passava por um meio campo mais musculado e daí ter trocado Taarabt por Meité.
Aos 57", os encarnados conquistaram o primeiro canto mas continuavam sem qualquer oportunidade de golo. Razão para Veríssimo aproveitar uma paragem no jogo para chamar Darwin e Gonçalo Ramos e dar-lhes instruções.
Aos poucos a equipa da Luz foi conseguindo baixar o ritmo de jogo. O Ajax não circulava a bola com a mesma velocidade e intensidade do primeiro tempo e os erros iam-se sucedendo. Ia faltando paciência aos neerlandeses para construir jogadas com princípio, meio e fim, e o treinador do Benfica aproveitou para mexer ainda mais com a cabeça do adversário e jogar o joker ucraniano. Yaremchuck tinha sido decisivo ao marcar o golo do empate na primeira mão e podia muito bem voltar a ser herói.
Contrariando a estatística e os acontecimentos dentro das quatro linhas (14 remates contra quatro), o Benfica adiantou-se no marcador aos 77" num lance de bola parada. Onana saiu da baliza e Darwin aproveitou o erro do guarda-redes para fazer o 1-0. Foi o 26.º golo do uruguaio esta época ( o 4.º na Champions), que no final do jogo recebeu um grande e prolongado abraço do presidente Rui Costa.
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isaura.almeida@dn.pt