Daniela Anghel dá vida e cor às 'Mulheres de Portugal'

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Quando Daniela Anghel arrancou às tintas os retratos da Rainha Santa Isabel, Inês de Castro, Josefa de Óbidos, D. Filipa de Lencastre, Luísa Todi, D. Maria II, Florbela Espanca, Eunice Muñoz, Carmen Dolores ou Amália Rodrigues - tudo nomes que figuram numa galeria de 34 personalidades históricas do País - não estava, certamente, a pensar na posição social dos seus modelos. Não estava a ser facciosa, incoerente ou aleatória na escolha, muito menos a tomar partido por alguém. Apenas um pensamento enchia a cabeça da pintora imortalizar mulheres notáveis. Homenageá-las. É do seu tributo que nasce a exposição "Mulheres de Portugal", que a Galeria de Arte do Casino Estoril inaugura hoje, às 21.30.

"Portugal deve muito às suas mulheres e esse é o motivo principal da mostra", explica o responsável pelo projecto, Lima de Carvalho, salvaguardando desde logo a dificuldade de se fazer, em casos como este, "uma listagem que agrade a todos", pela componente de subjectividade envolvida no processo e pela "maior ou menor empatia do próprio artista em relação aos seus retratados".

Contas feitas à História e às biografias das notáveis ficarão, talvez, a faltar cerca de "50 ou cem nomes de grandes portuguesas que se notabilizaram nos mais diversos ramos de actividade". Seja como for, sublinha o comissário, Anghel aceitou o desafio. Puxou do seu talento, pintou muito e bem, realizou a tarefa que se propôs cumprir. "Hoje, temos aqui a confirmação de uma grande retratista."

primeiros traços. A ideia de materializar as "Mulheres de Portugal" nesta exposição - que assinala, também, o início da temporada artística da Galeria de Arte do Casino Estoril - nasceu há dois anos, no XVI Salão de Primavera. Com os retratos de duas damas romenas que levou para a mostra, Daniela Anghel destacou-se num grupo de 40 outros artistas. Deu cartas. Mostrou total domínio da técnica.

"Daí o convite para a execução deste projecto de registar na tela o rosto de portuguesas que, ao longo dos séculos e até à actualidade, se notabilizaram", recorda Lima de Carvalho, ciente de que o processo de pintura só começou após um "aturado trabalho de pesquisa, leitura de livros e recolha de dados" relativos às 34 retratadas. Os resultados estão agora - literalmente - à vista de todos.

À Rainha Santa Isabel, Inês de Castro e Amália juntam-se os rostos de Deuladeu Martins, da Rainha D. Leonor, Infanta D. Leonor, D. Luísa de Gusmão, Soror Mariana, D. Maria I, Maria Francisca Benedita, Marquesa de Alorna, D. Estefânia, Maria Lamas, Luísa Satanela, Ofélia Queirós, Palmira Bastos, Mirita Casimiro, Maria Matos, Vieira da Silva, Maria Lalande, Isabel de Castro, Maluda, Sophia de Mello Breyner, Agustina Bessa-Luís, Paula Rego, Maria João Pires e Rosa Mota.

E "nestes retratos, que contemplamos com alegria e agradecimento", escreve Agustina Bessa- -Luís no catálogo da exposição, "nós damos prioridade à mulher que os pintou e a todas as que posaram no espaço da criação, que é infinito". Mulheres que falam por si até ao dia 18 de Outubro.

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