Cruz e Sanders ganham balanço para Nova Iorque

Vitória do senador do Texas nas primárias do Wisconsin não só o deixa mais próximo de Trump na corrida republicana como reaviva hipótese de uma convenção disputada em julho.
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Depois das vitórias de Ted Cruz - do lado republicano - e de Bernie Sanders - do lado democrata - no Wisconsin, os candidatos à nomeação de ambos os partidos para as presidenciais de 8 de novembro nos EUA já viraram as atenções para Nova Iorque, que realiza as primárias no dia 19. Um regresso a casa para três deles: além de Sanders, nascido em Brooklyn, a sua rival democrata, Hillary Clinton, volta ao estado do qual foi senadora entre 2001 e 2009, e Donald Trump, o ainda favorito à nomeação republicana, nascido e criado na cidade onde tem uma torre com o seu nome.

Ainda com uma vantagem confortável quanto a delegados, Donald Trump não perdeu tempo a lamentar a derrota e partiu ao ataque contra o senador do Texas. "Ted Cruz é pior do que uma marioneta - é um cavalo de Troia, usado pelos chefes do partido para tentarem roubar a nomeação", garantiu.

Apanhado de surpresa pelo fenómeno Trump, o aparelho republicano está cada vez mais receoso de que o milionário do imobiliário se revele um candidato fraco em novembro, acabando por prejudicar os candidatos do partido às outras eleições - no mesmo dia que o presidente, os americanos elegem a totalidade da Câmara dos Representantes, um terço do Senado e 12 governadores. Basta olhar para as sondagens para perceber que Trump é muito impopular entre as mulheres, os latinos ou os jovens.

Convenção contestada

A vitória de Ted Cruz no Winsconsin não só o reforçou como única alternativa a Trump - deixando o outro rival, o governador do Ohio, John Kasich, mais longe - como veio dar novos argumentos aos que sonhos com uma convenção disputada. Tal aconteceria se nenhum dos candidatos chegar à convenção de julho, em Cleveland, no Ohio, sem os 1237 delegados que garantem a nomeação. Nesse caso, os delegados são livres de votar em quem quiserem e há quem aposte nos republicanos a apresentar Paul Ryan, o presidente da Câmara dos Representantes que em 2012 foi candidato à vice-presidência, como surpresa de última hora à nomeação.

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No centro de todas as críticas depois dos seus comentários sobre o aborto (as mulheres que fazem abortos ilegais devem ser castigadas), que se juntam às opiniões em relação aos ilegais mexicanos (que disse serem violadores e traficantes) e aos muçulmanos (que propõe impedir de entrar nos EUA), Trump está sob pressão para vencer os próximos estados. Sobretudo Nova Iorque, onde as sondagens lhe dão um forte avanço sobre os adversários - 52% das intenções de votos, contra 21% para Cruz e 20% para Kasich, segundo a CBS - e onde a vitória vale 95 preciosos delegados.

Do lado democrata, Hillary Clinton também foi a correr para Nova Iorque ainda antes de ver confirmada a esperada derrota no Wisonsin. Mas apesar de Sanders ter conseguido seis vitórias nas últimas sete primárias, a vantagem da ex-primeira-dama sobre o senador do Vermont é ainda enorme em termos de delegados. Muitos graças ao sistema democrata em que os delegados são distribuídos proporcionalmente à percentagem de voto. Além de Hillary contar com o apoio da larga maioria dos superdelegados (469 contra 31), os responsáveis do partido, como senadores, congressistas ou governadores que podem escolher o seu sentido de voto.

"Se Hillary vencer em Nova Iorque, sobretudo se vencer por uma margem significativa, torna-se quase impossível para Sanders obter a nomeação", explicou à Bloomberg Eric Kasper, professor de Ciência Política na Universidade de Wisconsin-Eau Claire. A última sondagem da CBS dá uma vantagem de dez pontos à ex-primeira-dama - 53% contra 43% para o senador.

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Mesmo se não lhe tirou a aura de favorita, a derrota no Wisconsin revelou a dificuldade que Hillary tem em conquistar o voto dos mais jovens e da classe média, seduzidos pela mensagem antissistema de Sanders. Ontem, na MSNBC, a candidata voltou a lembrar que Sanders "não sabe como fazer o que promete que vai fazer".

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