Cristóvão, o segundo sócio expulso na era Bruno de Carvalho

Godinho Lopes, o antigo presidente, foi o primeiro a ser sancionado. Ex-inspetor da PJ deixa de ser sócio devido ao caso Cardinal
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Pela segunda vez na era Bruno de Carvalho, que assumiu funções como presidente do Sporting em 2013, um sócio leonino é alvo de expulsão, no caso Paulo Pereira Cristóvão, antigo candidato às eleições de 2009 e ex-vice-presidente leonino, numa decisão tomada por unanimidade pelo Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) a 6 de outubro.

O primeiro foi Luís Godinho Lopes, precisamente o antecessor de Bruno de Carvalho, em junho de 2015 numa decisão sufragada em assembleia geral devido a "infrações disciplinares muito graves para a imagem e património" do Sporting.

Na sequência desta decisão, tomada pelo CFD na altura liderado por Bacelar Gouveia, esteve a auditoria a dois anos de gestão de Godinho Lopes, tendo-se concluído que existiram "graves irregularidades"

Na altura, Godinho Lopes prometeu retificar essa decisão na justiça civil com o intuito de ser reintegrado como sócio do Sporting, clube que serviu primeiro como vice-presidente, tendo estado na origem da construção do novo estádio, e mais tarde como presidente.

Nessa mesma assembleia geral, Luís Duque foi suspenso de sócio por um ano. Nobre Guedes, falecido em julho deste ano, e Carlos Freitas viram os seus processos arquivados pois pediram voluntariamente para deixarem de ser sócios no final do consulado Godinho Lopes.

Cristóvão esperou pela justiça civilOntem deu-se o anúncio por parte do Sporting da segunda expulsão de um sócio desde que Bruno de Carvalho é presidente. O visado é Paulo Pereira Cristóvão, cuja situação já estava pendente desde 2013, ainda numa altura em que era Godinho Lopes presidente.

"Quando tomámos posse em 2013 já havia um alerta do anterior CFD", realça ao DN Bacelar Gouveia, presidente do CFD no primeiro mandato de Bruno de Carvalho. "Ficámos à espera de uma primeira decisão relativa ao caso Cardinal e penso que fizemos bem. Decidimos aguardar pela justiça penal para depois agir em conformidade. Desencadeámos o processo disciplinar, notificámos e eu recebi uma resposta de Paulo Pereira Cristóvão a contestar porque a decisão ainda não tinha transitado em julgado, mas a verdade é que o recurso interposto tinha que ver com a duração da pena e não com matéria de facto", explica o jurista, que regista "com agrado a manutenção da legalidade disciplinar de um clube de gente honrada". E continua: "Só deve continuar no clube quem honrar os valores do Sporting, dou os parabéns aos colegas que me sucederam por darem continuidade a um trabalho difícil e por vezes mal interpretado."

O DN tentou falar com o atual líder do CFD, Nuno Silvério Marques, que se escusou a prestar esclarecimentos.

Rebobinando a cassete, Paulo Pereira Cristóvão foi condenado por dois crimes de peculato, um de de acesso ilegítimo e por denúncia caluniosa agravada do árbitro José Cardinal, que viu depositados dois mil euros na sua conta dois dias antes de um Sporting-Marítimo a contar para a Taça de Portugal. Paulo Pereira Cristóvão foi punido com quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa.

Nos últimos tempos, Cristóvão tem sido uma voz ativa contra Bruno de Carvalho. Começou por pedir uma auditoria à gestão do atual presidente, nos últimos dias fez uma denúncia junto da Procuradoria-Geral da República na qual acusa Bruno de Carvalho de ter recebido uma comissão na contratação do japonês Tanaka, em 2014. O antigo inspetor da Polícia Judiciária alega que havia um agente que se intitulou representante de Bruno de Carvalho nas negociações. Essa procuração foi ontem revelada pelo Correio da Manhã, mas o presidente verde e branco sustenta que não foi utilizada pois a operação foi finalizada pela empresa BISC e pelo empresário espanhol John Baez.

Paulo Pereira Cristóvão, entretanto, já declarou, em comunicado, que vai recorrer aos tribunais para poder voltar a ser sócio e dissolver o atual CFD por violação dos estatutos. E conclui: "O sportinguismo não se vê no cartão de sócio."

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