Cristas: "Portugal ganha com a liderança do CDS" 

Cristas, reeleita líder do CDS sem contestação, encerrou o congresso nacional do CDS saudando o Rui Rio e o PSD como "partido amigo"
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A líder do CDS aproveitou o seu discurso de encerramento do congresso nacional do em Lamego, voltando a reafirmar que ambiciona para Portugal a "liderança do CDS". "Já provámos que não há impossíveis", disse. Repetindo: "Não há impossíveis!"

O partido - disse - é "a alternativa" e "a opção dos que rejeitam o socialismo que nos governou em 14 dos últimos 20 anos", "a esperança dos que desconfiam de um PS encostado à esquerda radical".

Ou seja, "a escolha sensata", porque "o CDS é o partido mais apto a governar o nosso Portugal". "Portugal ganha com vozes distintas. Portugal ganha com a liderança do CDS. Queremos ser a primeira escolha!", reafirmou.

Contudo, ao mesmo tempo, introduziu notas de prudência ("sabemos de onde partimos e as dificuldades para lá chegar"). E o que interessa em última instância é que vença o conjunto PSD+CDS com maioria absoluta - daí ter feito questão de dar "uma palavra especial" a Rui Rio, definindo o PSD como "partido amigo" e com o qual há "convergência de preocupações temáticas" (afirmação que os congressistas aplaudiram).

Assim, "em 2019, para governar, não é preciso ficar em primeiro lugar, é preciso garantir o apoio de um conjunto de 116 deputados". O CDS-PP chegará "com mais facilidade a esse número somando deputados depois das eleições.". Lançando de seguida o compromisso: "No que depender de nós tudo faremos para conquistar uma maioria de 116 deputados para o espaço de centro direita nas próximas eleições", comprometeu-se ainda. Porque "se em 2015 muitos portugueses foram ao engano, porque não tinham qualquer referência para poder antecipar e perceber o que depois aconteceu, agora já ninguém irá ao engano. Hoje o voto útil acabou. Hoje o voto de cada português é mais livre do que nunca."

Quanto ao CDS, insistiu que é "a escolha clara" e "inequívoca" de "quem não acredita no PS", de "quem não se revê nas esquerdas encostadas". O partido - disse ainda - não está a sobrevalorizar expectativas: "Quando me perguntam se não estamos a dar um passo maior do que a perna, a resposta é simples: não duvidei nunca dos passos decididos de um partido que sabe onde está, sabe o que quer, sabe para onde vai."

Até às legislativas de 2019 dois atos eleitorais (em março de 2019 as regionais madeirenses e em junho do mesmo ano as Europeias). Quanto a estas eleições - e agora que já está definido que Nuno Melo será o cabeça de lista - definiu um objetivo eleitoral mínimo: "Trabalharemos todos intensamente com o Nuno Melo para que consiga dobrar o resultado". Ou seja: o CDS quer passar de um para dois eurodeputados, no mínimo.

Ao mesmo tempo, anunciou mais nomes para a lista, a seguir a Melo: Luís Pedro Mota Soares (deputado, ex-ministro da Solidariedade Social), Raquel Vaz Pinto (militante há dois anos) e Vasco Weinberg (independente, especialista em Direito do Mar).

Assunção Cristas aproveitou também para anunciar aquelas que serão as três prioridades numa governação CDS: a demografia, o território (propondo que o interior tenha um estatuto fiscal de "zona franca regulatória") e a inovação ("queremos que os nossos jovens sintam que têm Portugal é o melhor país para desenvolver os seus projetos").

Falou também da necessidade de se operarem "alterações significativas" no sistema de saúde e, neste capítulo, disse que o CDS apresentará "um modelo que se recria com base na inovação e está assente na promoção da saúde e na prioridade dos cuidados primários, com foco no tratamento efetivo (e não na 'produção'), na dignidade do tratamento de todos até ao último momento de uma morte natural [ou seja, contra a eutanásia]" - ou seja, "um sistema bem articulado de cuidados hospitalares, cuidados continuados e cuidados paliativos, nomeadamente ao domicílio".

No discurso, passou também, vagamente, pela questão da Segurança Social, falando, sem pormenorizar, na importância de "adaptar as prestações sociais aos novos tempos". Evitou no entanto cuidadosamente associar esta ideia à de cortes nas pensões: "Não deixamos ninguém para trás", "não deixamos ninguém desprotegido", garantiu. "A mudança traz insegurança, traz receios. Há muitas pessoas que vão precisar de ajuda, de apoio. Têm de estar no nosso pensamento, nas nossas políticas, no coração do CDS."

Como de costume, o discurso da líder do CDS foi também muito marcado por uma necessidade de falar ao coração dos dirigentes e militantes do CDS , "um partido de futuro" que tem "a melhor juventude partidária do país", "a melhor geração de deputados no Parlamento", "a melhor equipa de elaboração do programa eleitoral" e acima de tudo "a melhor militância, de todas as idades, de norte a sul, do interior ao litoral".

Cristas revelou ainda uma atenção muito particular com eleitorado feminino, dizendo que no seu entender o problema da desvalorização feminina na participação política ou na direção de empresas e instituições "tem a ver com a compatibilização trabalho/família e o papel dos homens nesta equação". E aqui suscitou aplausos ao fazer uma "uma nota mais pessoal", a de que tomou "a decisão de não responder mais a questões sobre como concilio trabalho e família, até ao momento em que essa mesma questão seja colocada aos homens que são pais e têm uma vida profissional e pública ativa".

O congresso terminou já perto das 15.00, com a reeleita líder do partido a recomendar aos congressistas cuidado na condução de regresso a casa e Luís Queiró a dizer "desculpem lá qualquer coisinha" sobre a sua condução dos trabalhos.

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