Cristas demarca-se de Passos e desafia Costa ao diálogo
Quem estava curioso sobre quais seriam as "bandeiras" que a nova liderança do CDS vai erguer primeiro, sob a batuta de Assunção Cristas, ficou a saber que vão ser, para já, quatro: sistema de pensões, revisão da supervisão do sistema financeiro, mercado laboral e setor empresarial.
Logo em relação à primeira "bandeira", a segurança social, veio o desafio ao PS e a de marcação do PSD de Pedro Passos Coelho, que assistia na fila da frente. "Temos um problema no sistema de pensões. Sabemos que ele irá falhar. Prefiro a estabilidade que o consenso traz ao isolamento. Aproximar posições e de as estudar a fundo é genuíno. Veremos qual é a disposição dos demais partidos. Se o PS recusar cairá a máscara a António Costa", assinalou.
Quanto à supervisão bancária, um assunto de que o DN deu destaque nesta edição", Cristas confirmou a sua intenção de propor alterações ao modelo de designação do regulador, o governador do Banco de Portugal.
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"O modelo tem mostrado deficiências, todos estamos cansados de ver bancos a falir e o regulador dizer sempre que não teve capacidade de prever", disse.
Assunção Cristas abriu, assim, a porta a uma revisão da Constituição necessária a alterar a forma de nomeação do governador do Banco de Portugal, que o PS já tinha proposto no passado, sob a forma de uma revisão cirúrgica apenas para esta matéria, mas que os centristas juntamente com o PSD recusaram.
No mercado laboral, a presidente centrista entende que "Não faz sentido ter dois países. Uns trabalharem 40 horas e outros 35" e afiança que vai estudar " a possibilidade de a ADSE ser alargada a todos os portugueses que queiram aderir" a este sistema de saúde.
Por último, no setor empresarial, vieram os ataques ao governo PS, ao qual acusa de "não acreditar nas empresas privadas". "Nós acreditamos", frisou. "Setor a setor, empresa a empresa, tudo é importante para interromper ciclos de pobreza, atrair investimento direto estrangeiro" no nosso país.
Na oposição parlamentar, Cristas promete denunciar "erros e riscos" da governação do PS com as "esquerdas radicais", mas "ao mesmo tempo que construímos com rigor e afinco uma alternativa a esta governação". Uma governação, sublinhou, "irresponsável e errática. Desbarata a confiança internacional que nos custou tanto a construir".
Aproveitou aqui para mais algumas farpas ao PS, e ao orçamento de estado para 2016. "Não somos aqueles que dizem quanto pior melhor. Oxalá as contas à moda socialista batessem certo. Lamentavelmente ainda não vai ser desta vez. Este é um orçamento ideal para entrar em vigor no dia 1 de Abril (dia das mentiras). Mas é o PS igual a si mesmo. É a forma como sabem governar. Dar o que não têm, prometer o que é impossível cumprir e tentar manter uma ilusão o máximo de tempo que conseguiram. E quando tudo rebenta esperar que os outros, nós arrumem a casa".
Palavras ainda para dentro do partido, especiais para Nuno Melo, que abdicou da sua candidatura a líder para apoiar Cristas, a quem destacou qualidades de"combatividade e argúcia". Mas também para os outros três vice-presidentes, Nuno Magalhães e os estreantes Cecília Meireles e Adolfo Mesquita Nunes. E concluiu: "Vamos ter as melhores propostas. Temos políticos que não têm medo de arregaçar as mangas e de por as mãos na terra".