Crise grega abre novo conflito na coligação de Merkel

Merkel admite revisão da dívida helénica, mas não para já. Mais de metade dos alemães acha acordo com Atenas mau
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A chanceler alemã mostrou-se ontem disponível para discutir a alteração das maturidades da dívida grega ou até mesmo uma descida dos juros que Atenas tem de pagar. Mas só depois da primeira avaliação positiva do terceiro resgate.

"A Grécia já recebeu um alívio. Tivemos um haircut voluntário dos credores privados e estendemos uma vez as maturidades e reduzimos as taxas de juro", declarou Angela Merkel numa entrevista ao canal ARD. "E agora poderemos falar novamente sobre essas hipóteses... após a primeira avaliação positiva do programa que virá a ser negociado esta questão será discutida, não agora", acrescentou.

O início das negociações com a Grécia foi aprovado na sexta-feira pelo Bundestag, mas Merkel viu 60 dos deputados da sua CDU votarem contra. O parlamento alemão terá de votar ainda os termos do terceiro resgate a Atenas, o que levou o secretário-geral do SPD, o outro partido da coligação governamental, a pedir a estes deputados para repensarem a sua posição. "Depois de negociações bem sucedidas com a Grécia haverá razões para votar sim, até para aqueles que disseram não até agora", defendeu ontem Peter Tauber no jornal Tagesspiegel .

Numa entrevista à ZDF, o ministro da Economia alemão criticou o colega das Finanças por este ter defender um grexit temporário. Wolfgang Schäuble sugeriu que Atenas deveria abandonar o euro por cinco anos para resolver os problemas económicos, mas Sigmar Gabriel recusa a ideia, abrindo mais um foco de tensão na coligação entre o seu SPD e a CDU de Merkel.

E acrescentou que vê a atitude de Schäuble, membro da CDU, como uma provocação ao SPD: "As coisas deviam ter sido feitas de forma diferente, porque ele sabia que nós estávamos preparados para discutir a saída da Grécia da zona euro apenas no caso de serem os próprios gregos a desejá-lo".

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