Crise deverá provocar quebra acentuada no emprego sazonal

Em ano de crise, o emprego sazonal ligado ao sector turístico e de restauração deverá sofrer uma quebra este Verão devido à diminuição do número de turistas e à contracção do consumo, estimam intervenientes no sector contactados pela Lusa.
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Em declarações à Lusa, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), José Carlos Pinto Coelho, antecipa um Verão bastante duro para o sector, em especial na área da restauração.

Por esta razão, assinalou, os empresários demonstram nesta altura ter receio em contratar.

"Neste momento, contudo, pior do que não contratar é contratar e não ter dinheiro para pagar", sublinhou.

"Está tudo bastante aflito e o pior vai ser a seguir ao Verão, quando se perceber que os meses tradicionalmente altos não foram suficientes para compensar as quebras sofridas ao longo do ano", disse.

Para contrariar a crise na actividade da restauração, a CTP tem defendido que o IVA no sector deveria ser reduzido para cinco por cento, à semelhança do que aconteceu em França.

No sector da hotelaria, as reservas começam já a dar sinais de melhoria, mas estão ainda "muito aquém do habitual".

José Carlos Pinto Coelho disse no entanto acreditar que este ano as reservas de última hora vão ter um peso importante no sector.

Reconhecendo a importância do turismo na criação de emprego durante os meses de Verão, Francisco Figueiredo, da Federação dos Sindicatos de Hotelaria e Restauração, alerta que muito desse trabalho pode ser "ilegal" ou "não declarado".

"Com o aproximar da época balnear, a nossa preocupação tem a ver com o trabalho precário, ilegal e clandestino no sector da restauração", referiu o sindicalista, apontando que no sector do alojamento este problema é menos acentuado.

De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no final de Março, o sector de alojamento e restauração integrava 307,8 mil empregados - menos 0,5 por cento do que em igual período do ano passado e menos 5,1 por cento do que no trimestre anterior - o que representa cerca de seis por cento da população empregada no país.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação das Empresas de Trabalho Temporário (APESPE), Marcelino Pena Costa, explicou que o peso do sector do turismo no conjunto do trabalho temporário "tem crescido gradualmente nos últimos anos a um ritmo médio de 12 por cento em relação ao ano anterior".

"Este ano, o peso tem vindo a diminuir e não há sinais de crescimento, mas sim de abrandamento, especialmente no Algarve onde as quebras deverão ser superiores ao crescimento registado o ano passado", acrescentou.

Segundo os dados da APESPE, as profissões mais solicitadas pelos associados, ao nível do sector do Turismo, têm sido cozinheiros, empregadas de quarto, copeiros, empregados de mesa, 'barmen' e recepcionistas.

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