A diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) avisou esta quinta-feira que a insegurança alimentar vivida em muitos países, aliada à alta inflação, leva a situações de fome, "que muitas vezes desencadeia agitação social e violência"..Numa mensagem divulgada no seguimento da aprovação de um plano contra a insegurança alimentar, da autoria conjunta de várias instituições financeiras multilaterais, Kristalina Georgieva alertou que "a invasão da Ucrânia pela Rússia precipitou uma série de consequências económicas e sociais pelo mundo", sendo uma das mais preocupantes o corte nos fornecimentos de cereais e fertilizantes, e o aumento dos preços do petróleo, uma situação particularmente grave para os países africanos.."Estas pressões ocorrem numa altura em que as finanças públicas dos países já estão pressionadas devido à pandemia e o fardo da dívida pública é elevado; com a inflação a atingir os níveis mais elevados em décadas, os rendimentos dos agregados familiares mais vulneráveis nos países de baixo e médio rendimento ficam em risco grave de insegurança alimentar, e a história mostra-nos que a fome muitas vezes desencadeia agitação social e violência", alertou a líder do FMI.."A comunidade internacional precisa de realizar ações de forma rápida e coordenada para aplacar de forma eficaz a crise alimentar, mantendo o comércio aberto, apoiando as famílias mais vulneráveis, garantindo uma oferta agrícola suficiente e lidando com as pressões de financiamento", acrescentou Georgieva, salientando que, da parte do FMI, irá garantir "aconselhamento nas políticas, assistência ao desenvolvimento da capacitação e apoio financeiro para catalisar e complementar o financiamento de outras instituições"..Na nota, a diretora executiva do FMI aponta os exemplos da Moldávia e de Moçambique como países que recentemente receberam apoio financeiro, "com um foco no fortalecimento das redes de apoio social para os agregados familiares vulneráveis"..A declaração de Georgieva surge acompanhada do Plano de Ação das Instituições Financeiras Internacionais para Lidar com a Insegurança Alimentar que afeta especialmente os países mais vulneráveis..O plano partilhado pelas instituições financeiras multilaterais apresenta seis grandes objetivos: apoiar as populações vulneráveis, promover o comércio aberto, mitigar a escassez de fertilizantes, apoiar a produção de alimentos agora, investir em agricultura resiliente ao clima para o futuro, e apostar na coordenação para maximizar o impacto..A apresentação do plano segue-se à reunião destas entidades, convocada pelo Tesouro norte-americano, equivalente ao Ministério das Finanças nos governos europeus, em 19 de abril, e envolve, para além do FMI, o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Asiático de Desenvolvimento, o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento, o Banco Mundial e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.