"Foram feitas quatro queixas base ao Ministério Público (MP), que deram entrada entre a semana passada e esta terça-feira, para parar os crimes ambientais na zona da albufeira e as inúmeras ilegalidades que violam o plano de ordenamento", explicou o ambientalista Samuel Infante, durante uma conferência de imprensa, para dar a conhecer os fundamentos e os objetivos do movimento..Além das quatro queixas formais, apresentadas pelas associações que integram a plataforma, há ainda sete outras queixas apresentadas por privados no MP..A plataforma integra as associações Quercus, 'As Romãs Também Resistem', Caça e Pesca e os Amigos da Póvoa de Rio de Moinhos, e foi criada para denunciar eventuais atentados ambientais..As queixas pedem a intervenção do MP "para parar um crime ambiental na zona da albufeira de Santa Águeda em Castelo Branco, que está a afetar o ambiente e a qualidade da água que abastece milhares de cidadãos, com a passividade das autoridades, nomeadamente, da APA, Agência Portuguesa do Ambiente"..A PDASA diz que, apesar das "inúmeras denuncias ao longo dos últimos dois anos, os crimes ambientais continuam a avançar no terreno, tendo-se avançado mais recentemente e com a conivência da APA, a destruição de carvalhais na faixa reservada e faixa de proteção para efeitos de implantação de um cerejal na zona de proteção da albufeira (...)"..Além disso, a plataforma alega que "as ilegalidades são inúmeras" e "violam" o plano de ordenamento da albufeira, nomeadamente, com a ocupação de terrenos públicos (faixa reservada), fecho de caminhos públicos de acesso ao plano de água, aplicação de pesticidas, introdução de espécies exóticas, construções ilegais de casas na faixa de proteção, entre outras..O meteorologista Manuel Costa Alves, que integra este movimento cívico, realçou que a APA "não possui quadros suficientes na região e adiantou que "não têm capacidade para fiscalizar" o que se passa no terreno..Este responsável, fala numa situação "do empurra" em relação às diversas autoridades, "quase como a pescadinha de rabo na boca".."A câmara [Castelo Branco], através do plano de ordenamento, remete a resolução de qualquer queixa para a APA. Os interesses de uma barragem que armazena água para abastecimento público não são salvaguardados", frisou..O ambientalista Samuel Infante adiantou que não são feitas "análises sistemáticas" à qualidade da água na própria albufeira: "A APA não as faz nem as publica"..Este responsável sublinhou ainda que as análises químicas à água são "obrigatórias" e que a "monitorização de pesticidas não está a ser feita com regularidade"..Já Luís Barroso sustentou que alguns dos casos que se registam nesta albufeira "são questões políticas" e adiantou que a câmara de Castelo Branco "tem responsabilidade em muito do que se passou na barragem"..A albufeira de Santa Águeda abastece publicamente, parte do concelho de Idanha-a-Nova, a maioria da população do concelho de Castelo Branco (62%) e ainda parte do concelho de Vila Velha de Ródão..Esta barragem encontra-se classificada como albufeira de águas públicas protegidas, que são aquelas cuja água é ou se prevê que venha a ser utilizada para abastecimento de populações e aquelas cuja proteção é ditada por razões de defesa ecológica..A Lusa contactou a APA, por telefone e por escrito, na terça-feira, mas até ao momento ainda não obteve resposta às questões colocadas.