As dicotomias certo/errado, sucesso/fracasso, inclusão/exclusão são também pontos de partida para a peça, disse à agência Lusa a atriz Mafalda Miranda Jacinto, que cria e interpreta a obra em conjunto com João Estevens..Segundo a criadora e intérprete, a peça resulta de um processo criativo transdisciplinar, pois cruza linguagens do teatro e da dança, com filosofia, ciência política e literatura..O centro da peça, embora remeta para a obra homónima de Dostoievski, afasta-se da sua trama, já que esta serviu apenas como ponto de partida para a desconstrução e para a desmistificação de alguns conceitos dicotómicos, observou a intérprete..A obra de Dostoievski acabou assim por servir para "explorar a ideia do erro, da transgressão, da norma e dos mecanismos de culpa", pois o que interessava aos atores era "descobrir de que forma as ações e emoções podem entrar em conflito com a a esfera individual e social, quando inseridas num contexto em que o ator social não controla", acrescentou..Os atores recorrem assim a uma ideia de jogo como dispositivo, a partir de dois 'performers/jogadores' e de dois microfones para compreenderem a forma como as regras são criadas ou como se constituem elemento do poder, e também como se alteram, como se transgridem e como a falha não tem, forçosamente, de resultar em castigo e culpa..No espaço da Rua das Gaivotas, em Lisboa, a peça vai estar em cena até domingo, sempre às 21:30, e às 18:00, no último dia..A 10 de junho, "Crime e castigo" será representada no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém, e, a 08 de julho, estará em cena no teatro Rivoli, no Porto.