Crescendo da extrema-direita. Dresden declara "emergência nazi"
Dresden, a cidade do leste da Alemanha onde nasceu o movimento de extrema-direita Pegida - que se opõe à imigração de muçulmanos na Alemanha - e há muito um bastião do braço mais radical da direita alemã, declarou o estado de "emergência nazi".
Max Aschenbach, o vereador local do partido de esquerda Die Partei, que apresentou a moção - uma espécie de emergência climática mas com fundamento político - justificou a decisão com o facto de estar em causa a sociedade democrática, que estará a ser "ameaçada".
À BBC, o político disse que era necessário agir porque os partidos não se estão a "posicionar claramente" contra a extrema-direita.
A resolução reconhece que "atitudes e ações extremistas de direita estão a acontecer com frequência crescente" e apela à cidade para ajudar as vítimas de violência da extrema-direita, para proteger as minorias e fortalecer a democracia.
A moção de Aschenbach foi submetida a votação pelo conselho da cidade de Dresden na noite de quarta-feira e contou com 39 votos a favor e 29 contra. Os democratas-cristãos da Alemanha (CDU) não alinharam com a pretensão da esquerda.
"'Estado de emergência' significa o colapso ou uma séria ameaça à ordem pública. Isto não é declarado de forma leviana", disse à BBC Jan Donhauser, presidente do CDU (City Council Group).
Donhauser acrescentou que a "grande maioria" dos habitantes de Dresden não são "nem extremistas de direita nem antidemocráticos".
Kai Arzheimer, um professor de política alemão, disse que o principal impacto da resolução era simbólico, mas que também pode significar que mais fundos serão destinados a programas de combate ao extremismo.
No início dos anos 90, lembra a BBC, grupos neonazis começaram a organizar comícios em Dresden e o estado da Saxónia (onde está localizada a cidade) tem sido um reduto do Partido Democrático Nacional de extrema-direita da Alemanha (NPD) e, mais tarde, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
Nas eleições regionais de setembro, o apoio ao AfD aumentou 17,8% em relação a 2014, alcançando 27,5% dos votos.