CP reduz a metade comboios na linha de Sintra durante o verão
A linha de Sintra vai ter menos comboios durante o verão. A CP vai reduzir a metade o número de ligações na hora de ponta entre Lisboa-Rossio e Mira Sintra-Meleças entre 23 de junho e 7 de setembro. A menor procura no período de férias escolares, alega a transportadora, justifica esta diminuição temporária, num percurso que tem sofrido supressões diárias devido à falta de peças e de pessoal para reparar os comboios. A empresa também vai reduzir o atendimento nas bilheteiras nas próximas semanas.
"No período de verão são implementadas alterações à oferta na Linha de Sintra, decorrentes das alterações de procura, que se reduz em alguns percursos, no período de férias escolares. Os comboios entre Lisboa-Rossio e Mira Sintra-Meleças, entre 23 de junho e 7 de setembro, circularão com uma frequência de 2 comboios por hora", anuncia a empresa em resposta ao Dinheiro Vivo.
Isto quer dizer que vão passar a circular dois comboios por hora - em vez de quatro - entre as 7h e as 10h, ou seja, haverá viagens a cada meia-hora e não a cada 20 minutos. A empresa diz que "será mantido o número de lugares oferecido", uma vez que cada comboio terá duas automotoras elétricas acopladas em vez de apenas uma automotora.
A empresa não esclarece como vai garantir que os comboios vão circular com duas automotoras, uma vez que há supressões diárias destes comboios na hora de ponta - em que habitualmente só circula uma unidade.
Atualmente, esta linha funciona com as UQE 2300/2400 - automotoras elétricas com quatro unidades. Atualmente, há 50 automotoras das séries 2300 e 2400 no parque ativo; mais 10 automotoras da série 3500 (as únicas unidades de dois andares da CP). Diariamente, são necessárias 40 unidades para garantir os horários, mas praticamente todos os dias há comboios suprimidos por falta de meios para reparação, sobretudo das séries 2300/2400 - só em maio, houve 175 viagens que não foram realizadas.
No serviço urbano de Lisboa, as supressões na hora de ponta implicam que os restantes comboios circulem muito perto da capacidade máxima ou mesmo em sobrelotação. Uma situação agravada com o aumento do número de passageiros decorrente da introdução, em abril, do passe único, mais barato.
As mudanças na linha de Sintra (e Azambuja) não ficam por aqui: haverá menos bilheteiras abertas a partir do dia 16 de junho por falta de trabalhadores. Benfica, Reboleira, Portela de Sintra, Meleças, Alhandra, Amadora e Cacém serão as bilheteiras afetadas por estes cortes, de acordo com o Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial Itinerante (SFRCI).
Esta redução também vai afetar a linha de Cascais mas ainda não se sabe quais as estações que irão "reduzir drasticamente os serviços de atendimento e venda".
A CP explicou que "as alterações de horários e encerramento de bilheteiras referidas têm caráter temporário, sendo repostos os horários regulares logo que possível, previsivelmente no final do período de verão, que coincide também com a concentração de períodos de férias de maior número de trabalhadores".
"O bloqueio ao recrutamento de trabalhadores operacionais para a CP - Comboios de Portugal por parte do Ministério das Finanças desde 2018 está a degradar diariamente os serviços prestados", acusa o sindicato. Alega ainda que a falta de trabalhadores operacionais "prejudica financeiramente a CP", visto que o encerramento ou redução de serviços nas bilheteiras irão "potenciar as reclamações dos utentes" bem como a "falta de cobrança e fraude".
A transportadora, por seu lado, salienta que "estas medidas têm como prioridade privilegiar o funcionamento das bilheteiras com maior fluxo de procura e garantir que não se verifiquem supressões de comboios, visto que os colaboradores de bilheteira também fazem acompanhamento de comboios, em caso de necessidade".
A polivalência dos trabalhadores também é necessária porque continua por concretizar, junto do Ministério das Finanças, o pedido de 88 trabalhadores para a CP. Até agora, o gabinete de Mário Centeno só autorizou a colocação de 14 funcionários, de acordo com a denúncia feita pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, em audição parlamentar no dia 30 de abril.