"O protesto dos coveiros começou na sequência de uma reorganização dos horários de serviço (...), o que permite à autarquia manter os cemitérios abertos com menos pessoal", disse à Lusa José Lança, da direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local. "Há trabalhadores que estiveram em laboração 21 dias consecutivos, sem folgas", acrescentou o sindicalista, adiantando que a principal reivindicação dos coveiros é a "reposição dos antigos horários de trabalho (9:00/12:30 e 14:00/17:30), com folga aos sábados e domingos". José Lança referiu ainda que os "novos horários impedem os trabalhadores de terem a sua vida particular, porque têm de trabalhar sábados e domingos, com horários desfasados e sem as devidas compensações"..Confrontado com as acusações do STAL, o vereador com o pelouro dos cemitérios, Manuel Pisco, admitiu que houve um coveiro que trabalhou 21 dias consecutivos, mas garantiu que esse horário não lhe foi imposto e que se tratou apenas de uma situação pontual, para assegurar o serviço durante as férias de outros trabalhadores. Manuel Pisco mostrou-se igualmente convicto de que o protesto dos coveiros resulta fundamentalmente de uma redução do trabalho extraordinário que estavam habituados a fazer e que se traduziu numa quebra de rendimentos. "Reconheço aquelas pessoas todo o direito de ganharem mais, porque são pessoas do mais baixo nível salarial da Função Pública. Têm vencimentos à volta dos 400 euros. Se sentem que ganham pouco, têm toda a razão. E quererem ganhar mais é perfeitamente legítimo. Eu aceito perfeitamente o fundo da questão", disse.."Mas nós, na gestão da câmara, dos serviços públicos da administração local ou central, temos a obrigação de gerir no quadro das modalidades de organização de trabalho que estão legalmente previstas e que têm um custo determinado. Não podemos é estar a pagar horas extraordinárias a mais, que não deveriam ser pagas", frisou. De acordo com o autarca, os coveiros faziam habitualmente cerca de 28 horas de trabalho extraordinário por mês, mas, com a redução decorrente dos novos horários que se aplicam aos serviços que funcionam de segunda-feira a domingo, "passaram a fazer apenas cerca de 14 horas mensais". "É claro que isso representa uma quebra significativa para trabalhadores com baixos salários", admitiu o autarca, reafirmando que a autarquia não pode estar a pagar trabalho extraordinário que não estão previsto na legislação em vigor.