Cotovelo salvou-o da queda e Márquez alcançou o seu "tetra"

Piloto da Honda entrou com velocidade a mais numa curva, a sete voltas do final, e esteve quase a perder o Mundial. Valeu-lhe um golpe de mestre para entrar na história
Publicado a
Atualizado a

Marc Márquez sagrou-se ontem bicampeão mundial de MotoGP, o seu quarto título da carreira na mais importante competição de motos, mas a verdade é que poderia ter deitado tudo a perder a sete voltas do fim, quando esteve com um pé fora da corrida, em Valência, devido a...velocidade a mais.

No final de contas o que interessa é que o espanhol de 24 anos voltou a conquistar o título mundial, juntando o de 2017 ao do ano passado e ainda aos de 2013 e 2014. Contudo, tudo poderia ter sido diferente, nomeadamente à 23.ª volta. Ontem o espanhol até poderia acabar na 11.ª posição para conquistar o seu "tetra", mas quando faltavam sete voltas para o fim o espanhol esteve quase a cair. Velocidade a mais numa curva, como o próprio o admitiu, quase deitou tudo a perder. O piloto da Honda, no entanto, agarrou-se com unhas e dentes à mota (e ao título) e não se deixou despistar, quando todos já o viam a sair para fora de pista. Um milagre, dizem muitos, mas Márquez diz que foi mais do que isso.

"Era uma curva onde se passa quase a 200kmh, mas eu ia muito mais rápido, exagerei. Nesse momento pensei: não solto a moto nem que dê cambalhotas. A maneira como evitei a queda fica para recordação, mas este cotovelo [com o qual evitou a queda] vale um campeonato. O futuro? É óbvio que quero continuar a vencer, sempre fui assim, em todas as categorias", disse o piloto espanhol no final do Grande Prémio.

De facto o cotovelo do piloto de 24 anos acabou por salvar o bicampeonato, até porque o mais direto rival Andrea Dovizioso (Ducati) ainda estava em pista e a correr atrás do título. Até ontem, refira-se, apenas por duas vezes um campeonato acabou por dar uma autêntica cambalhota na última prova da temporada devido a quedas.

A primeira vez deu-se já no ano de 1979, quando Virginio Ferrari chegou a Le Mans como líder mas uma queda ofereceu o título a Kenny Roberts. A última ocorreu há 11 anos, em 2006, e curiosamente em Valência, quando Valentino Rossi caiu e deu o título a Nicky Hayden.

Ontem, no entanto, a sorte esteve do lado de Marc Márquez. Tanta que Andrea Dovizioso terá ficado abismado com a forma como o espanhol se segurou em cima da moto e acabou ele próprio por cair, pouco tempo depois da curva a alta velocidade de Márquez, concretamente a seis voltas do final da prova. Aqui Márquez pôde respirar de alívio e festejar o seu "tetra", até porque mesmo que caísse até final o título já nas lhe escaparia.

Com tudo decidido, o espanhol deixou-se ficar pelo terceiro lugar, a ver ao longe a luta entre o compatriota Dani Pedrosa e Zarco pelo triunfo na corrida, que acabou por sorrir ao piloto da Honda, em 46.08,125 minutos, com o gaulês a 337 milésimos. Já Marquéz foi terceiro, a 10,861 segundos, somando o 12.º pódio da época.

Mais jovem a festejar o "tetra"

Com o triunfo de ontem em Valência, que lhe garantiu o quarto título mundial da carreira, Marc Márquez torna-se também o piloto mais jovem de sempre, com 24 anos, a fazer o tetra.

O espanhol iguala os britânicos Geoff Duke, John Surtees e Mike Hailwood e o norte-americano Eddie Lawson, mas estes alcançaram este feito com uma idade mais avançada que o piloto da Honda.

Marc Márquez, que em cinco anos na categoria principal venceu quatro e acabou em terceiro em 2015, vai agora atrás de outros históricos do MotoGP. Para o ano poderá já alcançar o australiano Mick Doohan, que venceu este competição em cinco ocasiões, ao passo que o heptacampeão e quinto classificado este ano, Valentino Rossi, está um pouco mais longe.

No entanto, nem Rossi e nem mesmo o maior recordista de sempre, Giacomo Agostini, com oito conquistas, parecem impossíveis para Márquez, que com apenas 24 anos ameaça tornar-se um caso raro nesta modalidade. Começou a vencer em 2010, com um título em 125cc, seguiu-se o Mundial de 2012 em MotoGP e agora os quatro campeonatos de 2013, 2014, 2016 e finalmente o de 2017.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt