Costa anuncia contributo financeiro de 2,1 milhões de euros em ajuda humanitária

Este valor foi transmitido por António Costa na Conferência de Alto Nível de Doadores para a Ucrânia, que decorre em Varsóvia.
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O primeiro-ministro anunciou esta quinta-feira que Portugal vai contribuir com 2,1 milhões de euros em ajuda humanitária à Ucrânia, dos quais um milhão de euros para as respostas das Nações Unidas e 1,1 milhões adicionais.

Este valor foi transmitido por António Costa na Conferência de Alto Nível de Doadores para a Ucrânia, que decorre em Varsóvia, numa intervenção que fez por vídeo.

A Conferência de Alto Nível de Doadores para a Ucrânia é uma iniciativa dos primeiros-ministros da Polónia e da Suécia, em parceria com os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, e teve na sessão de abertura uma breve intervenção, do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também por videoconferência.

"Portugal está preparado para se comprometer com um contributo financeiro de um milhão de euros para a reposta humanitária das Nações Unidas e 1,1 milhões de euros adicionais em ajuda humanitária para a Ucrânia, num pacote total de 2,1 milhões de euros. Portugal está com a Ucrânia", declarou o líder do executivo português na sua intervenção.

No seu discurso, o primeiro-ministro elogiou os seus homólogos polaco, Mateusz Morawieckie, e sueca, Magdalena Andersson, pela iniciativa e, nas suas palavras iniciais, condenou "a invasão brutal da Ucrânia pela Federação Russa".

"É um ato de guerra inaceitável no século XXI. As consequências desta agressão estendem-se muito para além do território ucraniano, com milhões de refugiados à procura de segurança por todo o nosso continente", sustentou.

António Costa observou depois que Portugal, "apesar de ser o país mais ocidental da Europa e o mais afastado da Ucrânia, já recebeu 35 mil refugiados ucranianos".

"A estas pessoas reafirmamos o nosso mais forte compromisso de assegurarmos a sua segurança e bem-estar. No entanto, estamos todos conscientes de que a situação mais difícil é a que enfrentam aqueles que continuam na Ucrânia onde a situação humanitária é em muitos casos muito, mesmo muito crítica", acrescentou.

Na quarta-feira, em conferência de imprensa, o primeiro-ministro anunciou que aceitara o convite do seu homólogo ucraniano, Denys Shmygal, para visitar a Ucrânia em data ainda a divulgar, ocasião em que será assinado um acordo financeiro bilateral no âmbito do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O primeiro-ministro da Ucrânia teve a oportunidade de me convidar para visitar Kiev, convite que naturalmente aceitei. Ficou apontada uma data que oportunamente será divulgada para a concretização dessa visita. Incluirá um encontro com o Presidente da República da Ucrânia, Volodymyr Zelensky", declarou António Costa.

Já sobre o processo de reabertura da embaixada de Portugal na Ucrânia, o primeiro-ministro afirmou que já há uma data acertada, mas que não a divulga publicamente, alegando que esse passo só deve ser comunicado "no momento próprio".

"Quero aqui frisar que a embaixada portuguesa em Kiev nunca encerrou. O embaixador português recuou para a Polónia e regressará a Kiev", sustentou o líder do executivo, antes de fazer um elogio aos funcionários ucranianos da embaixada portuguesa.

"Mantiveram-se em funções a assegurar o funcionamento da embaixada nas condições possíveis. O Governo vai propor ao Presidente da República a condecoração por atuação de excecional bravura e coragem de um dos funcionários que se destacou muito especialmente no apoio ao resgate de cidadãos portugueses ou ucranianos com relações com Portugal", acrescentou o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, anunciou que foram angariados 6,5 mil milhões de dólares (cerca de 6,15 mil milhões de euros) nesta conferência internacional de doadores para a Ucrânia.

"Conseguimos angariar mais de seis mil milhões de euros e esse dinheiro será distribuído para apoiar a Ucrânia e todos aqueles que apoiam a Ucrânia", disse Mateusz Morawiecki.

A primeira-ministra sueca, Madalena Andersson, salientou que a soma excedeu as suas expectativas e sublinhou que o objetivo é ajudar a Ucrânia, agora e também mais tarde, na reconstrução. "A Ucrânia vencerá esta guerra e ficaremos ao seu lado", afirmou.

"Quando a Rússia traz a morte, os países do mundo livre devem ajudar e penso que esta conferência aqui em Varsóvia mostrou uma enorme dose de solidariedade entre nós", declarou ainda Morawiecki.

O primeiro-ministro polaco lembrou que as necessidades de ajuda humanitária da Ucrânia crescem e que o país precisa de mais de 12 000 toneladas de ajuda todos os dias, sendo que só lhe chegam 3000 toneladas.

A Conferência de Doadores contou, entre outros líderes, com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, enviou uma mensagem através de uma ligação por vídeo, onde ratificou a aspiração do seu país a uma adesão "rápida" à União Europeia (UE), pedindo que lhe seja atribuído o estatuto de candidato à adesão ainda no decurso da guerra.

"A adesão da Ucrânia à UE deve ser a realidade absoluta, não apenas uma promessa ou uma perspetiva", defendeu Zelensky.

Apelou ainda aos "parceiros civilizados" para que assumam o patrocínio de "regiões, cidades e indústrias da Ucrânia" para apoiar a sua reconstrução.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou na ocasião uma doação de 200 milhões de euros para pessoas deslocadas internamente na Ucrânia.

Na sua intervenção, frisou que são necessárias "centenas de milhares de milhões de euros e reformas" para reconstruir a Ucrânia e preparar o seu caminho para a UE.

"Hoje reunimo-nos com um objetivo claro: apoiar o povo corajoso da Ucrânia, que luta contra o agressor e defende a sua liberdade", declarou Ursula von der Leyen.

"Hoje, a União Europeia respondeu ao apelo, mais uma vez, para apoiar a Ucrânia. Em nome da Comissão Europeia, comprometi 200 milhões de euros à Ucrânia", disse.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse esperar que a conferência possa ser um ponto de partida para um "Plano Marshall" para a Ucrânia, referindo-se a um plano patrocinado pelos EUA que ajudou a reavivar as economias europeias após a Segunda Guerra Mundial.

Charles Michel, afirmou que os "esforços de solidariedade incidirão em três áreas fundamentais: ajuda humanitária, necessidades de liquidez a curto prazo e reconstrução" da Ucrânia.

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