O grupo propõe o fim da ligação fluvial Trafaria-Porto Brandão-Lisboa, devido à reduzida procura, e que as ligações Lisboa-Montijo e Lisboa-Seixal apenas se realizem nos dias úteis e em períodos de hora de ponta.."Haverá uma redução brutal de carreiras que, com o agravamento das condições de vida e com o aumento dos preços dos transportes públicos, implicará um retrocesso inaceitável contra esta população laboriosa", criticou Jerónimo de Sousa a bordo de um barco da Transtejo, durante uma ação de contacto com os utentes que faziam esta manhã a ligação Seixal/Lisboa..No entender do secretário-geral do PCP os cortes previstos vão "empurrar os utentes para alternativas mais caras", nomeadamente do setor privado, como os comboios da Fertagus ou os transportes urbanos.."Não lhes basta tirarem o dinheiro dos nossos ordenados, com aqueles impostos que inventam para ganharmos menos, como agora resolvem mexer nos transportes públicos, com a retirada de carreiras. Isto é inconcebível", lamentou a utente Teresa Campos..Indignada, diz que a redução do número de ligações irá criar "grandes transtornos" à população e deixa criticas ao grupo trabalho que analisou a reestruturação dos transportes na Área Metropolitana de Lisboa.."São pessoas que não utilizam os transportes públicos porque andam nos carrinhos de 85 mil euros. Quem decide devia andar como o povo, no dia a dia, nos transportes públicos para saber como é, para depois poder decidir", defendeu Teresa Campos..Num barco praticamente lotado e sentada a poucos metros, estava Ana Gomes, outra utente assídua dos transportes públicos.."Isto é horrível. Estão a tirar tudo aos trabalhadores, a qualidade e a esperança de vida. Tudo isto me entristece bastante. Sou utente da Transtejo e dos transportes todos que há por aí e isto está a dar conta do meu estado nervoso", disse, visivelmente revoltada..Trabalhadores e sindicatos estão igualmente contra as medidas propostas apresentadas ao Governo.."Está-se a apostar na destruição do transporte público com a redução significativa da oferta e com o corte na mobilidade às populações, nomeadamente à mobilidade nas duas margens do Tejo", criticou José Oliveira, da Comissão de Trabalhadores da Transtejo e membro da Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS)..Para o responsável, o plano de reestruturação proposto pelo grupo de trabalho para o setor dos transportes públicos não passa de "plano de privatizações de transportes" e defende outro caminho.."Deve-se apostar na dinamização do desenvolvimento do transporte fluvial e do transporte público em geral, criando um fator de intermodalidade de transportes e um elemento de plano estratégico de transportes", salientou José Oliveira, após a chegada ao Cais do Sodré..O grupo de trabalho propõe ainda, nas ligações Lisboa-Cacilhas e Lisboa-Barreiro, uma menor utilização dos novos ferries e a utilização de navios de menor consumo, a antecipação da hora de encerramento do serviço diário e a redução de frequência aos fins de semana..Estas medidas devem permitir uma poupança anual de 7,2 milhões de euros ao Grupo Transtejo, que também detém a Soflusa.