Tem havido melhorias no combate à corrupção em Portugal nos últimos anos? Não, não tem havido melhorias. Muito pelo contrário. A corrupção tem-se sofisticado. A corrupção hoje utiliza metodologias que não utilizava há 20 anos, quer seja pelos meios informáticos que existem quer seja porque se sofisticaram as formas de esconder dinheiro. Hoje, a nível internacional, é muito mais fácil branquear capitais, há muitas mais técnicas. Hoje, é fácil um corrupto, um líder do Cazaquistão, transferir o seu dinheiro para uma série de offshores no mundo todo e acabar dono de um banco em Inglaterra, com um ar completamente limpo. A corrupção evoluiu nas suas técnicas muito mais do que o combate à corrupção. Em particular em Portugal, onde não há uma preocupação nessa matéria..O que há a melhorar? No combate à corrupção tem de haver prisões efetivas das pessoas quando há condenações e isso não acontece. E tem de haver o arresto e o confisco dos bens. Se não houver prisão dos responsáveis e confisco dos bens, não há combate à corrupção. São cócegas. Nós não temos tido nos últimos anos confisco de bens de dimensão..Toda a legislação que tem sido produzida, incluindo sobre branqueamento de capitais, tem colocado os bancos como agentes de combate à corrupção? Isto é um combate fingido em que se apanha na rede apenas o peixe miúdo. Na grande corrupção, não se é apanhado. A grande criminalidade financeira faz-se com mecanismos difíceis de rastrear. Envolve a atribuição de condições até diplomáticas a determinados corruptos, que têm acesso a malas diplomáticas, que podem ser contentores..Elisabete Tavares é jornalista do Dinheiro Vivo