Corpos empilhados em atrelado por falta de espaço nas morgues mexicanas

Nova vaga de violência de gangues obrigou as autoridades de Guadalajara, no estado de Jalisco a deixarem pelo menos uma centena de cadáveres dentro do atrelado de um camião, gerando indignação e repulsa nos habitantes
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A guerra interminável entre os cartéis de droga de Sinaloa e Nova Geração de Jalisco (CGNJ) continua a sujeitar a população mexicana, em amplas áreas do país, a uma existência de terror, onde o quotidiano é marcado por episódios que só podem ser descritos como surrealistas. Desta vez, de acordo com o diário britânico The Guardian , na cidade de Guadalajara, no Estado de Jalisco, os habitantes foram obrigados a suportar o cheiro "nauseabundo" de um atrelado de camião carregado com largas dezenas de corpos, porque as morgues da cidade já não tinham espaço.

Na imprensa local foi noticiado que o atrelado continha 157 corpos, foi deixado ao abandono e que os cadáveres se encontravam em avançado estado de decomposição. Já as autoridades garantiram que o total de mortos ali guardados era mais próximo da centena, e que estes estavam refrigerados e sob vigilância permanente.

Roberto López Lara, secretário-geral do governo do Estado de Jalisco, admitiu que as morgues da cidade ficaram "assoberbadas" por uma nova vaga de mortes. E garantiu ainda que está em construção uma nova morgue que irá acolher os corpos. No entanto, admitiu também que deverá demorar ainda "um mês e meio" até que isso aconteça.

O caso não é isolado. No sul do país, no estado de Guerrero, várias morgues da cidade de Chilpancingo tiveram de barrar novas entradas, depois de terem chegado cerca de 600 corpos, o triplo da capacidade instalada, gerando também queixas da população devido ao mau cheiro.

Julho foi o mês mais mortífero no país desde 1997

A captura e extradição para os Estados Unidos, no ano passado, do antigo líder do cartel de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán, não bastou para travar a escalada da guerra entre cartéis, que só se tem acentuado nos últimos meses. O mês de julho, de acordo com as estatísticas oficiais, registou o número mais elevado de assassinatos desde 1997: um total de 2599. No ano passado foram mortas no país 29 168 pessoas, um recorde absoluto que poderá ser batido já neste ano.

Os Estados Unidos e o México já aumentaram, para mais de 1,33 milhões de euros, a recompensa por informações que levem à captura de Nemesio Oseguera Cervantes, "El Mencho", líder do CGNJ. Jesus Contreras, outro membro da cúpula desse cartel, foi detido em julho.

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