Corpo de José Eduardo dos Santos já está em Luanda

Trasladação foi anunciada pelo executivo angolano. As cerimónias fúnebres deverão decorrer entre os dias 26 e 28 de agosto.
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A trasladação para Luanda do corpo do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos, que morreu na cidade espanhola de Barcelona a 8 de julho, teve lugar este sábado, com o féretro transportado num voo das linhas aéreas angolanas a aterra na capital de Angola cerca das 19.15, hora portuguesa.

O avião contendo os restos mortais aterrou no aeroporto internacional 4 de fevereiro, enquanto um outro avião transportou a família.

O ministro da Administração do Território de Angola, Marcy Lopes, afirmou que o corpo do ex-presidente José Eduardo dos Santos ficará na sua residência oficial até ao dia das exéquias fúnebres.

À chegada do caixão com o corpo do antigo Presidente da República, Marcy Lopes, que é também o porta-voz da Comissão das Exéquias Fúnebres, explicou aos jornalistas que os seus restos mortais serão entregues à família até ao dia da cerimónia oficial, uma data ainda a indicar pelo Estado angolano.

"Chegou a família e o presidente José Eduardo dos Santos a Angola, após um longo período de espera", afirmou o ministro.

"Os próximos dias serão reservados para o tratamento de questões administrativas e protocolares inerentes a um processo como este que carece de ser tratado com toda a atenção até ao dia das exéquias fúnebres que iremos comunicar atempadamente", explicou o governante, que foi receber a urna.

À saída do avião, a viúva, Ana Paula dos Santos, vestida de preto, foi recebida por um conjunto de individualidades, incluindo vários ministros do Governo angolano e o general Francisco Furtado, chefe da Casa Militar do atual Presidente angolano. Vinha acompanhada pelos seus três filhos, alguns dos quais transportando retratos emoldurados do pai.

No avião viajaram também netos e outros familiares de José Eduardo dos Santos.

As cerimónias fúnebres deverão decorrer entre os dias 26 e 28 de agosto, com o porta-voz do MPLA a adiantar entretanto que o funeral deve realizar-se no dia 28.

Questionado sobre se as filhas, nomeadamente Isabel dos Santos, a braços com a justiça angolana poderão vir ao funeral, Rui Falcão replicou: "se não devem nada ao Estado, por que não? Se têm algum problema com a justiça, elas que o resolvam, nós temos de tratar o ex-Presidente da República como ele merece".

Duas fações da família dos Santos disputavam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficaria com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.

De um lado, Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opunham à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e eram contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de agosto para evitar aproveitamentos políticos.

Do outro, a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicavam também o corpo e queriam que este fosse enterrado em Angola nos próximos tempos.

Na quarta-feira, o tribunal decidiu-se pela atribuição do cadáver à viúva e autorizou a trasladação para Angola, depois de concluir definitivamente que José Eduardo dos Santos morreu de causas naturais.

Segundo afirmou à Lusa, este sábado, a advogada de Tchizé dos Santos, a empresária - tal como os outros filhos mais velhos do antigo presidente - desconhecia a entrega do corpo. "Alguma coisa aconteceu. Uma das partes não ter conhecimento disto é estranho, para qualificar a situação de alguma forma", disse a advogada Carmen Varela.

A trasladação do corpo do antigo chefe de Estado angolano ocorre em pleno período de campanha para as eleições, com o atual Presidente, João Lourenço (que sucedeu a José Eduardo dos Santos em 2017) a tentar a reeleição.

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