Coreia do Norte avisa Seul para abandonar mediação com Washington

Aviso surgiu antes de o presidente norte-americano iniciar uma visita de dois dias à Coreia do Sul, a partir de sábado.
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A Coreia do Norte avisou hoje a Coreia do Sul para abandonar a mediação entre Pyongyang e Washington, aumentando a pressão para que os EUA elaborem novas propostas sobre o programa nuclear.

A declaração surgiu antes de o presidente norte-americano, Donald Trump, iniciar uma visita de dois dias à Coreia do Sul, a partir de sábado.

O chefe do departamento de assuntos norte-americanos do Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte, Kwon Jong-gun, advertiu que matérias que digam respeito às relações com os EUA não voltarão a passar pela Coreia do Sul.

Por outro lado, o responsável negou a existência de contactos e negociações não oficiais entre as duas Coreias, contrariando recentes afirmações do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e de outras autoridades de Seul.

"É melhor que as autoridades sul-coreanas se preocupem com os seus próprios assuntos domésticos", disse Kwon.

As declarações do responsável norte-coreano surgiram depois de o presidente da China, Xi Jinping, se ter reunido com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, durante a visita que Xi efetuou a Pyongyang, a primeira de um líder chinês à Coreia do Norte desde 2005.

Alguns especialistas consideraram que a viagem de Xi indicou que Pequim, principal aliado e financiador da Coreia do Norte, pretende desempenhar um maior papel enquanto mediador na questão nuclear, de forma a reforçar o estatuto junto dos EUA, o que seria uma mais-valia na disputa comercial que envolve as duas maiores economias do mundo.

Kwon reiterou a exigência anterior de Kim de que os EUA devem apresentar acordos nucleares realistas até ao final de dezembro.

Não houve reuniões públicas entre os EUA e a Coreia do Norte desde o fracasso, em fevereiro, da segunda cimeira entre Trump e Kim, em Hanói, no Vietname.

Kim pretendia o fim das sanções, Trump passos concretos no caminho da desnuclearização, mas não foi alcançado qualquer entendimento durante a cimeira.

O fracasso do encontro foi também um golpe para o presidente sul-coreano, que estabeleceu contactos com Washington e Pyongyang para facilitar as negociações entre os países para encontrarem uma solução diplomática para o programa nuclear norte-coreano.

Trump e Kim trocaram recentemente cartas pessoais, mas nada de concreto surgiu deste aparente esforço de reaproximação entre os dois líderes.

No início desta semana, o presidente sul-coreano disse que as autoridades norte-americanas e norte-coreanas estavam em "conversações nos bastidores" para agendar uma terceira cimeira entre Trump e Kim.

Moon também afirmou que as conversações entre as duas Coreias prosseguem, através de "vários canais", sem especificar quais.

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