Corbyn acusa May de só fingir negociar com a UE
"Não é apenas uma questão de dizer à União Europeia que esta é a solução, é sentarmo-nos com a UE e discutir uma possível solução", defendeu a primeira-ministra britânica, Theresa May, depois de o líder da oposição ter dito que "parece um pouco confuso" para Bruxelas perceber o que é que ela quer e que o governo "só finge negociar".
O Brexit volta a marcar a sessão semanal de perguntas à primeira-ministra no Parlamento britânico, que esta tarde viaja até Bruxelas. May diz que é preciso encontrar uma solução que vai garantir uma solução para a população na Irlanda do Norte e na República da Irlanda e responder às preocupações dos deputados para o país poder sair da União Europeia a 20 de março com um acordo.
May diz que há "várias formas" de lidar com a questão do backstop (mecanismo de salvaguarda) para evitar uma fronteira física entre Irlanda do Norte e República da Irlanda, depois de Corbyn a pressionar a dizer qual dos três planos em cima da mesa é que ela ia apresentar a Bruxelas: remover o backstop, estabelecer um limite de tempo para ele existir ou acrescentar uma cláusula de saída unilateral.
O deputado trabalhista Stephen Doughty pediu à primeira-ministra que deixasse de jogar à "roleta russa" e declarasse que não haverá um Brexit sem acordo. May reiterou que há duas maneiras de garantir que o Reino Unido não sai sem acordo da União Europeia: ficar e isso não é cumprir o resultado do referendo ou conseguir um acordo, que é o que a primeira-ministra diz estar a fazer.
Corbyn também pede que May reitere que não haverá uma saída sem acordo, à semelhança do que alguns ministros têm feito. "As vidas e os empregos das pessoas estão nas mãos da primeira-ministra", referiu, ao que May respondeu que "os empregos e o futuro de todos os britânicos estão nas mãos de todos os membros da Câmara dos Comuns". E acusa Corbyn de querer ficar na União Europeia.
Em relação à decisão da Honda de fechar a sua fábrica no Reino Unido até 2021, May diz que a decisão é "dececionante", mas que a empresa deixou "absolutamente claro" que não tem a ver com o Brexit.
O líder do Labour também pede a May que deixe de "por os interesses do Partido Conservador à frente dos interesses do país". Na resposta, May acusa-o de fazer o mesmo: "Em cada ponto, agiu para frustrar um acordo e atuou de forma a tornar um Brexit sem acordo mais provável."
O porta-voz do Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) na Câmara dos Comuns, Ian Blackford, diz que "Westminster está quebrado" - numa referência às deserções do Labour e dos Tories - e que o país está "no meio de uma crise constitucional" e à beira de um "desastre" com o Brexit. Blackford diz que a Escócia "merece melhor" e pede uma votação no acordo de saída. Ela responde que a votação vai acontecer quando for possível.
O deputado argumenta depois que isso não é suficiente e acusa May de deixar a economia de rastos e avisa: "Se não agir, a Escócia vai agir." A primeira-ministra lembra que os impostos foram reduzidos e que aumentaram os empregos e ataca o SNP por querer tirar a Escócia do Reino Unido.
Além do Brexit, os deputados questionaram a primeira-ministra em relação ao caso de Shamima Begum, a jovem que aos 15 anos fugiu para a Síria e para o Estado Islâmico e agora pede para regressar ao Reino Unido, tendo dado à luz um bebé. As autoridades retiraram-lhe a nacionalidade.
May lembra que há vários critérios para retirar a nacionalidade aos britânicos, mas deixa uma "mensagem importante" a todos: "O Reino Unido vai tomar medidas contra os envolvidos no terrorismo".