Copy-paste
Nesta semana soubemos da morte de Lawrence "Larry" Tesler, o norte-americano inventor do copy-paste, uma das funcionalidades mais utilizadas por todos quantos usam processadores de texto. A notícia da morte chegou-nos num misto de obituário e curiosidade, como se tivesse morrido alguém que um dia se lembrou de inventar algo útil.
Sucede que nessas notícias é suficientemente claro o impacto deste homem na economia mundial.
Sim, é verdade que as notícias assinalaram, mais em registo de curiosidade do que outra coisa, a forma como a nossa vida ficou mais facilitada com a inovação de Tesler, recordando-nos a enorme utilidade da ferramenta.
Mas faltou refletir um pouco mais sobre a revolução que esta invenção provocou, e que teve um profundo impacto económico à escala mundial, e não apenas para os donos da aplicação ou funcionalidade.
Devemos muito mais a Tesler do que essa mera referência em registo de curiosidade.
Explico porquê.
Pensemos no tempo de trabalho que poupamos por haver copy-paste (nas profissões que implicam a elaboração de documentos, como é evidente): são milhares de horas por ano poupados à conta de fazermos copy-paste.
Pensemos agora no que fizemos com essas horas poupadas: uns produziram muito mais documentos (aumentando a produtividade do seu trabalho, valorizando-o), outros usaram essas horas noutras funções profissionais relevantes (aumentando também a sua produtividade e alargando as suas competências), outros terão usado esse tempo a mais para estar com a sua família e amigos, melhorando a sua qualidade de vida.
Isto teve um impacto brutal na economia. Com o mesmo número de horas de trabalho, produziu-se muito mais, infinitamente mais, permitindo que empresas e trabalhadores aumentassem a produtividade e a competitividade, contratando mais gente para mais tarefas. Tudo isto porque Tesler inventou o copy-paste.
É verdade que as empresas que comercializam produtos com essa funcionalidade terão seguramente ganho muito dinheiro.
Mas terão sido apenas elas?
Se pensarmos bem, pessoas sem qualquer ação ou quota nessas empresas também ganharam muito, à conta do trabalho poupado e rentabilizado com esta funcionalidade.
Isto é o que sempre sucede com as inovações. Pense nos computadores. É verdade que os seus inventores ou proprietários ou comercializadores ganham muito com elas, mas esse dinheiro não se compara com o dinheiro ganho pela sociedade no seu todo por termos computadores. Nós não tivemos qualquer intervenção na invenção mas, sem nos apercebermos, ganhámos dinheiro à conta deles: novas profissões, novos empregos, novas oportunidades.
Não morreu apenas o inventor do copy-paste: morreu alguém que provocou um impacto profundo na economia mundial.
Advogado