A 10 de maio, a TAP apresentou em tribunal o pedido de insolvência da empresa de assistência em terra Groundforce; quase três meses depois, o tribunal decretou a insolvência. No imediato, os cerca de 2400 postos de trabalho não estão em risco, nem a prestação de serviços às companhias aéreas, como é o caso da TAP. A SPdH - Serviços Portugueses de Handling, conhecida como Groundforce - tem dois acionistas: a Pasogal, de Alfredo Casimiro, com uma posição de 50,1% e a TAP, com 49,9%. Para a transportadora, esta decisão é a solução que pode ajudar a salvaguardar a sustentabilidade da Groundforce. Já a Pasogal considera-a "incompreensível" e vai recorrer..A companhia aérea liderada por Christine Ourmières-Widener defende, em comunicado, que a insolvência é a "solução transitória que melhor permite restaurar a confiança na gestão da Groundforce". E garante que esta decisão judicial "não determina, por si, a cessação automática dos contratos de trabalho" nem a suspensão dos contratos de prestação duradoura de serviços, incluindo à TAP. A companhia aérea deixa ainda claro que "caso tal se mostre viável, a possibilidade de continuidade da atividade" da SPdH "pode ser apreciada no quadro do processo de insolvência, sendo que os credores podem decidir pela aprovação de um plano de recuperação"..A Pasogal, por sua vez, considera "incompreensível" a decisão mas garante que vai colaborar com os administradores nomeados pelo tribunal. "A decisão é absolutamente incompreensível, já que decreta a insolvência de uma empresa que fatura mais de 100 milhões de euros, a pedido de um devedor (TAP) da Groundforce do valor de 4,6 milhões de euros e que, por isso, os pagou em 28 de julho de 2021. Ao aceitar o pedido de um devedor e não de um credor, o Tribunal abre um precedente que a Pasogal considera inaceitável e torna a própria decisão incompreensível. Por essa razão, pelo facto de a empresa não ter dívidas à Autoridade Tributária, Segurança Social ou a bancos, esta decisão deve ser objeto de recurso para um tribunal superior", diz..A empresa de Alfredo Casimiro deixa ainda claro, em comunicado, que "tudo fará para preservar a capacidade operacional da empresa e os postos de trabalho, que não são colocados em causa de imediato com a declaração de insolvência". Mas a "liquidação da Groundforce é um desfecho possível", o que, a verificar-se, vai significar que "2400 pessoas ficarão em situação de desemprego e a assistência em escala nos aeroportos portugueses estará comprometida"..A relação tensa entre governo e Alfredo Casimiro tem meses. E o empresário considera Pedro Nuno Santos "responsável" pela insolvência. "A Pasogal informa que considera o Estado Português responsável por esta situação já que, através do Ministro da Infraestruturas e Habitação, negou à Groundforce o Auxílio de Estado legalmente devido, bem sabendo que a Groundforce reunia todos os requisitos que lhe permitiam beneficiar do mesmo", remata..Ana Laranjeiro é jornalista do DInheiro Vivo