Contra tudo e contra todos sub-20 portugueses batem Uruguai
Os Lobitos de Luís Pissarra e António Aguilar foram autênticos Lobões esta tarde em Montevideu ao arrancarem uma vitória épica no estádio Charrúa, diante de um Uruguai que se apresentava com enorme rodagem (meia dúzia de jogos de preparação contra zero de Portugal...) e recebia uma natural maior dose de favoritismo ao atuar perante os seus adeptos nesta jornada inaugural do Junior World Trophy (Mundial B do escalão) que apura o vencedor que ascenderá ao Mundial A do próximo ano.
Sob chuva inclemente e por vezes mesmo diluviana - impressionantes as cascatas de água que escorriam pelas bancadas! - os jovens campeões europeus deram uma fantástica prova de entrega e sacrifício, mas também, e especialmente, de maturidade e inteligência, tendo aguentado uma asfixiante pressão uruguaia em grande parte do segundo tempo - cumprido em metade dos 40 minutos com menos um jogador pelos cartões amarelos ao formação Martim Cardoso e ao 2.ª linha Manuel Picão - depois de atingirem o intervalo na frente por 17-3.
Logo aos 4" de jogo um pontapé do abertura Jorge Abecassis (bom jogo ao pé!) não foi captado pelo defesa adversário e o capitão António Vidinha acreditou e perseguindo bem a oval fazia o ensaio inaugural do encontro (7-0).
Os uruguaios mostravam ser um conjunto poderoso e mais pesado, mas com deficiente circulação de bola - as condições também eram madrastas para tal - ao contrário dos Lobitos, que sempre que estavam em posse de bola procuravam criar dificuldades aos anfitriões.
E após troca de penalidades (10-3), perto do intervalo nova jogada dos três-quartos nacionais libertou o possante centro José Luís Cabral que, com três uruguaios às cavalitas, ainda assim caiu na área de ensaio para os 17-3 com que as duas equipas foram para o quentinho dos secos balneários.
A segunda parte já foi diferente, com o relvado gradualmente mais difícil e pesado, inviabilizando a realização de um jogo bonito e com o quinze da casa a ocupar quase sempre o meio-campo português. Mas era claramente um Uruguai de um râguebi de uma nota só, ou seja, baseando o seu jogo exclusivamente no sector mais forte: mêlée seguida de mêlée, sucedendo-se nova mêlée e outra mêlée, seguida de... já adivinharam.
Os jogadores portugueses aí tiveram que ser heróis, aguentando o que poucas equipas nacionais suportaram no passado. E com um espírito de entrega e sacrifício que só pode merecer todos os elogios, com destaque para a notável exibição da 3.ª linha (trio do outro mundo formado por David Wallis, João Grenate e Duarte Costa Campos!) e o sacrificado cinco-da-frente.
No primeiro quarto de hora os sul-americanos reduziram para 17-13 (penalidade após falta na mêlée e ensaio de penalidade após derrube intencional de maul dinâmico). Mas quando os Lobitos tiveram posse de bola arrancaram uma falta que Jorge Abecassis converteria sem mácula aos 57" (20-13).
Os chutadores de Los Teritos mostravam-se pouco hábeis, ofertando bolas que deveriam sair pelas linhas laterais e isso ia dando balões de oxigénio a Portugal, que continuava a defender irrepreensivelmente o seu extremo reduto.
Aos 77" nova falta portuguesa na sua área de 22 permitiu a receita do costume: penalidade para fora, alinhamento, maul dinâmico... e o ensaio uruguaio que, não convertido, colocava ainda os campeões europeus na frente por dois curtos pontos: 20-18.
E pese embora todo o esforço final dos anfitriões o quinze de Luís Pissarra, mais adulto, experiente, e acima de tudo inteligente e com cabeça fria, conseguia afastar o jogo da sua área nos minutos finais, acabando por festejar um triunfo histórico, suado e justo pelo desenrolar dos 80 minutos.
O próximo jogo de Portugal será no sábado diante de Hong Kong, concluindo esta fase de grupos frente às Fiji na quarta-feira, dia 6.