V. Guimarães pressionou, pressionou, pressionou. Até que o Benfica marcou
Ao fim de 81 minutos, Gabriel conseguiu fazer aquilo que até ali ainda não tinha encontrado forma de fazer e o Benfica saiu de Guimarães com a segunda vitória em quatro dias. Outra vez por 1-0, como tinha acontecido na terça-feira, na Taça de Portugal. Mas o filme não foi de todo igual.
Se no jogo da Taça o Benfica chegou cedo à vantagem, através do puto João Félix, e teve essa almofada para gerir o jogo e a reação vimaranense, desta vez só bem perto do fim o Benfica encontrou um encosto reconfortante, depois de uma luta árdua para se manter em pé.
Engolidos na pressão alta (altíssima) do Vitória de Guimarães sobre a bola, os médios do Benfica não conseguiram tempo para respirar, quanto mais para criar jogo, durante a maioria da partida. Sobretudo na segunda parte, quando a equipa de Luís Castro pareceu surgir ainda mais fresca, mais ambiciosa, mais feroz.
Mérito coletivo personalizado nesse incansável guerreiro que parece duplicar não apenas o nome em campo, mas também a presença. André André - com a preciosa ajuda de Joseph, diga-se -, nunca se cansou de morder os calcanhares aos médios do Benfica logo no início da fase de construção dos encarnados. Por vezes mesmo até à área de Vlachodimos, recuperando bolas sem fim e esticando uma teia que chegou a ser asfixiante para a equipa encarnada.
Estava o Benfica assim, encostado às cordas - para usar a expressão do próprio Bruno Lage -, a menos de dez minutos do final, quando Gabriel conseguiu o que até aí não conseguira na segunda parte. Avançar até ao meio-campo contrário, receber a bola, ter tempo para rodar e visão de jogo para lançar um raro passe de rotura para o lado direito, onde corria solto André Almeida. O lateral subiu até à área e serviu Seferovic ao segundo poste. O suíço, entrado dez minutos antes, só teve de empurrar.
Aos 81 minutos, quando nada o fazia prever, o Benfica arrancou a ferros mais uma vitória, que mantém o registo imaculado do novo técnico Bruno Lage, ao fim de quatro jogos.
Conseguiu também o terceiro jogo consecutivo sem sofrer golos. E essa é uma parte importante para explicar a evolução deste Benfica, agora sob o figurino tático de 4x4x2 que o novo técnico implementou. Mesmo sem conseguir jogar bem, a equipa de Bruno Lage transmite uma imagem de maior competência defensiva, importante para manter a equipa de pé perante o ímpeto do Vitória.
Sem Fejsa, lesionado, o técnico encarnado resgatou o ostracizado Samaris e formou uma espécie de duplo pivô defensivo, com o grego e o brasileiro Gabriel à frente da defesa. Conti surgiu no lugar do castigado Rúben Dias no eixo da defesa e Castillo apareceu na frente de ataque, em detrimento de Seferovic, supostamente "para dar profundidade", justificou Lage.
Com Pizzi a continuar a sua função de médio ala interior nesta reconversão tática para o 4x4x2, funcionando muitas vezes como um terceiro homem de ligação na zona central, a primeira parte foi de luta intensa entre as duas equipas pelo controlo do meio-campo. Em cada bola disputada estava uma questão de vida ou morte, com a pressão dos vitorianos a obrigar o Benfica a recorrer muitas vezes aos lançamentos em profundidade, a solicitar as desmarcações de Félix e Castillo.
O ponta de lança chileno ainda viu uma boa oportunidade desviada por Osorio, perto do intervalo, mas foi Vlachodimos, na outra área, o principal responsável pelo nulo, ao responder bem a remates de Tozé (de longe) e Guedes (isolado na área, mesmo no último lance da primeira parte).
Na segunda parte, então, o Vitória conseguiu ser ainda mais pressionante, andar mais perto da área do Benfica, rematar mais à procura do golo. Mas Gabriel conseguiu ter tempo para respirar uma vez. Foi o que bastou.
Cruel para o V. Guimarães, (muito) feliz para o Benfica, que segura assim o segundo lugar da Liga, a cinco pontos do FC Porto, antes do clássico com os dragões para as meias-finais da Taça da Liga, na próxima terça-feira.
Seferovic. A escolha dá-se pelo golo, obviamente, e como prémio para a boa temporada que o suíço está a fazer, confirmando em Guimarães ser nesta altura o ponta de lança mais efetivo do ataque do Benfica. Seferovic começou esta partida no banco, entrou apenas aos 71 minutos para o lugar do infeliz Castillo e só precisou de mais dez para ler na perfeição a movimentação do ataque encarnado e surgir ao segundo poste para empurrar para a baliza o cruzamento de André Almeida. Foi o oitavo golo do suíço no campeonato e o 11.º na temporada, ao serviço do Benfica.
Jogo realizado no Estádio D. Afonso Henriques.
Vitória de Guimarães - Benfica, 0-1.
Ao intervalo: 0-0.
Marcador:
0-1, Seferovic, 81 minutos.
Equipas:
- Vitória de Guimarães: Douglas, Sacko, Osório, Pedro Henrique, Rafa Soares, Wakaso, Joseph (João Carlos Teixeira, 69), André André (Ola John, 85), Tozé, Davidson e Guedes (Welthon, 58).
(Suplentes: Miguel Silva, Frederico Venâncio, Florent, Mattheus Oliveira, João Carlos Teixeira, Ola John e Welthon).
Treinador: Luís Castro.
- Benfica: Odysseas Vlachodimos, André Almeida, Conti, Jardel, Grimaldo, Samaris, Gabriel, Pizzi (Rafa, 62), Cervi, João Félix (Gedson, 90+2) e Castillo (Seferovic, 71).
(Suplentes: Svillar, Alfa Semedo, Gedson, Salvio, Zivkovic, Rafa e Seferovic).
Treinador: Bruno Lage.
Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Conti (50), Sacko (70), Rafa Soares (78), André Almeida (84), André André (84), Wakaso (90+5). O team manager do Benfica, Tiago Pinto, foi expulso do banco (84).
Assistência: cerca de 20.000 espetadores.