Contas antigas num grupo acessível

Quando a bolinha do Irão saiu para ir direitinha para o Grupo B, de Portugal, a realização filmou Carlos Queiroz na plateia. Um sorriso meio amarelo que parecia denunciar duas coisas: num agrupamento onde já estavam Portugal e Espanha, as hipóteses dos asiáticos diminuíam drasticamente; mas talvez pela cabeça do selecionador do Irão tenha passado outra imagem - o reencontro com Ronaldo.

Desde aquele célebre episódio com a frase assassina do nosso CR7 - “falem com o Carlos” -, em 2010, depois da derrota com a Espanha no Mundial da África do Sul, os dois nunca mais se falaram.

O reencontro está agendado para 25 de junho, no último jogo do Grupo B que poderá ser decisivo. Mas há mais um pormenor para apimentar o duelo. Queiroz admitiu há dias que pode acabar a carreira no torneio da Rússia - “já são 36 anos como treinador”. Ou seja, o adeus pode ser contra Portugal. Ou não...

Mas vamos ao sorteio. À partida parece um grupo acessível no qual Portugal, que chega à Rússia com o estatuto de campeão da Europa, pode apurar-se como primeiro ou segundo classificado e onde terá a Espanha de Lopetegui como adversário mais difícil - o histórico de jogos é claramente favorável aos nossos vizinhos.

Mas atenção a duas pequenas curiosidades. O Irão foi a segunda seleção a carimbar o passaporte para o Mundial depois do Brasil (a Rússia já lá estava como anfitriã) e deixou a Coreia do Sul a uma distância considerável na qualificação. E Marrocos (de Taarabt), que está de volta 20 anos depois, não sofreu qualquer golo no apuramento. Pequenos sinais que podem significar alguma coisa. Mas para quem chega à Rússia com o estatuto de campeão da Europa, não há desculpas para cair na primeira fase. É bom que Portugal se lembre que, no Mundial, o 3.º lugar não basta para chegar aos oitavos-de-final como aconteceu no Euro de França.