Militares transportaram 5,1 milhões de litros de combustível em 161 transportes

Forças Armadas realizaram 161 transportes de matérias perigosas no âmbito da Operação São Cristóvão na greve dos motoristas.
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O primeiro-ministro recorreu esta segunda-feira a uma imagem do futebol para relativizar as críticas de um alegado número excessivo de agentes das forças de segurança mobilizados para garantir os serviços mínimos na greve dos motoristas.

"Quando se ganha 3-0" pode-se sempre perguntar se o vencedor "precisava de ter tantos defesas", respondeu António Costa ao ser questionado sobre a necessidade de ter mobilizado mais agentes das forças de segurança do que aqueles que acabaram, por ser empenhados.

António Costa falava no fim da visita às instalações do Sistema de Segurança Interna, culminando uma ronda de deslocações que já o tinham levado esta manhã à sede da Entidade Nacional do Setor Energético (ENSE) e ao Comando Conjunto para as Operações Militares (CCOM) das Forças Armadas - onde esteve acompanhado pelos ministros das respetivas pastas.

Durante a visita CCOM ficou a saber-se que os militares das Forças Armadas transportaram 5,1 milhões de litros de combustível, num total de 161 transportes e 26,3 mil quilómetros percorridos.

Quanto aos números de agentes das forças de segurança mobilizados durante a greve, o chefe do Governo reconheceu que "não foi necessário" empenhar todos eles para garantir o cumprimento dos serviços mínimos depois de decretada a requisição civil. GNR e PSP empenharam 158 agentes policiais em ações de transporte. Conduziram 139 veículos pesados desde o início da greve, a 12 de agosto.

Contudo, os efetivos de prevenção permitiram garantir a legalidade democrática: respeitou-se o direito à greve e permitiu-se que trabalhasse quem o quis fazer.

"Foi o planeamento adequado e teve o efeito dissuasor" de assegurar a "tranquilidade geral", limitando os "danos colaterais" que uma greve como a dos motoristas de matérias perigosas inevitavelmente provoca, sublinhou Costa, adiantando que o Conselho de Ministros já determinou - numa reunião extraordinária por via eletrónica - o fim da situação de crise energética e a eliminação da Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA).

António Costa estava acompanhado pela Secretária-Geral do Sistema de Segurança Interna (SGSSI), Helena Fazenda, que disse estarem a ser analisadas as "lições aprendidas" e feito o balanço final do empenhamento dos agentes policiais envolvidos.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, destacou a "grande coordenação" de todos os agentes de proteção envolvidos - condição em que intervieram os agentes policiais - numa operação que garantiu o respeito pelo direito à greve e as regras de funcionamento da requisição civil.

Os consumidores já podem adquirir até 25 litros de combustível, mais dez do que durante o período de greve desconvocada domingo pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).

António Costa reafirmou que "levará mais dois três dias" até a situação criada pela greve de uma semana dos motoristas de matérias perigosas regressar à "plena normalidade".

O chefe do Governo anunciou os novos limites de abastecimento a partir desta segunda-feira durante a visita à Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) e depois de o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) ter cancelado a greve iniciada há uma semana.

António Costa adiantou que os condicionamentos na Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA) terminam às 10.00 desta manhã.

As medidas serão aprovadas num Conselho de Ministros eletrónico a realizar esta segunda-feira, quando António Costa ainda visita o Comando Conjunto para as Operações Militares das Forças Armadas, que destacaram cerca de 120 militares (metade dos quais condutores) durante a Operação São Cristóvão - o padroeiro dos motoristas.

O primeiro-ministro realçou "o serviço extraordinário" prestado pelos militares das Forças Armadas e pelos agentes policiais das Forças de Segurança durante a semana da greve e destacou a "maturidade do país" na forma como lidou com um caso que "podia ter tido consequências muito mais graves".

"Houve uma vitória do país" na forma como se evitou que o país parasse, respondeu António Costa quando questionado se o fim da greve correspondeu a uma vitória do Governo. O Executivo "não ganhou nem perdeu", porque "não era parte" no conflito, sublinhou.

O importante, prosseguiu o primeiro-ministro, foi ter-se vivido "com a maior normalidade possível" durante a semana, em que "foi possível fazer cumprir os serviços mínimos" e em que a requisição civil imposta nalgumas zonas "no essencial foi respeitada".

Não ter havido "necessidade de recorrer à violência foi outro sinal da maturidade do país, realçou António Costa, rejeitando as críticas feitas pela oposição sobre o conjunto de medidas adotadas pelo Governo.

"Depois é mais fácil" criticar, mas "sei quais foram as consequências" da greve realizada em abril e por isso foi necessário, entre outros pontos, recorrer à requisição civil para evitar problemas como os então registados, sublinhou Costa.

"Teria havido problemas se não tivesse havido decisões", frisou ainda o primeiro-ministro, que estava acompanhado pelo ministro do Ambiente, Matos Fernandes.

Esta terça-feira, os patrões e o SNMMP liderado pelo advogado Pardal Henriques sentam-se à mesa das negociações.

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