Consultor ambiental ouviu conversas sobre dinheiro
"Quando estava sentado num bar a beber uma bebida à noite em Alcochete ouvia essas coisas, mas sempre achei que era uma brincadeira", disse Peter George quando questionado sobre se alguma vez tinha presenciado conversas informais "sobre pedidos de dinheiro para "lobbying`, financiamento de partidos políticos, membros do Governo ou entrega de envelopes castanhos".
A testemunha, que falava perante o Tribunal do Barreiro através de videoconferência a partir de Londres, não conseguiu, contudo, recordar-se dos nomes das pessoas que terão presenciado aquelas conversas.
"Não sei porque havia muita gente envolvida no projeto", acrescentou.
Peter George, que foi consultor de estruturas e de meio ambiente, disse ter estado envolvido no projeto de Alcochete desde o início, uma vez que trabalhava diretamente para o Freeport.
O seu contacto habitual com o Freeport era Rik Dattani, gestor do projeto de Alcochete, indicou.
A testemunha disse ainda que soube da substituição dos gabinete de arquitetura Promontório pelo de Capinha Lopes e que trabalhou com ambos.
Apesar de desconhecer os motivos da substituição ou quem a terá sugerido, sublinhou que a Promontório era "competente" para elaborar o projeto.
Peter George admitiu que conhece os dois arguidos - os ex-sócios Charles Smith e Manuel Pedro - desde o projeto do outlet.
A função deles era orientá-los sobre que tipo de documentos deviam elaborar sobre o projeto, como os elaborar e a quem os entregar, referiu.
A testemunha admitiu também ter sido contactado por telefone, "há algumas semanas", por Charles Smith que lhe terá pedido desculpas por o ter envolvido neste processo judicial.
Em causa no caso Freeport está o alegado financiamento a partidos políticos. Os arguidos Charles Smith e Manuel Pedro são acusados de extorsão na forma tentada.
O julgamento prossegue à tarde com a audição de mais um técnico ligado ao projeto de Alcochete.