Conselho de Cidadãos com mais mulheres e moradores das zonas norte e centro da cidade

Primeira edição do Conselho de Cidadãos, lançado por Carlos Moedas, realiza-se este fim de semana e as alterações climáticas serão debatidas por um painel de 50 pessoas, que depois apresentará propostas à autarquia.
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É já este fim de semana que se realiza a primeira edição do Conselho de Cidadãos de Lisboa, uma ideia apresentada por Carlos Moedas durante a campanha para as autárquicas e formalizada já como presidente da câmara no passado dia 27 de janeiro. O tema em cima da mesa nesta primeira reunião, que terá lugar no salão nobre dos Paços do Concelho, serão as alterações climáticas e será debatido por um painel de 50 pessoas sorteadas de forma a representarem a população da cidade.

O primeiro passo para a escolha deste painel foi o período de inscrições, que terminou a 22 de abril, e durante o qual 2351 pessoas mostraram o seu interesse em participar nesta iniciativa. "Do nosso lado, do Fórum dos Cidadãos, recebemos um ficheiro da Câmara de Lisboa com os dados de quem se tinha inscrito. Esse ficheiro já tinha sido editado para remover o nome, elementos pessoais, o contacto das pessoas. O que nós recebemos foi um ficheiro com um identificador alfanumérico, em que não consta o nome, só a idade, a freguesia, o nível de habilitações literárias, o género e a situação profissional", explica ao DN Manuel Arriaga, do Fórum dos Cidadãos, associação cívica que é parceira Câmara de Lisboa nesta iniciativa e que teve a seu cargo a criação da metodologia do sorteio e sua realização.

Com o uso de um software em open source da Sortition Foundation, especialista neste tipo de assembleias, foram introduzidos os dados dos cinco parâmetros das pessoas inscritas e, usando os números dos Censos, o perfil demográfico da população de Lisboa. "E o que o software faz é gerar uma amostra com o número de participantes que se especifica que tenta espelhar tanto quanto possível a composição do painel face à população geral", refere o professor da Universidade de Nova Iorque.

Desta forma, o painel de 50 pessoas que participará no Conselho de Cidadãos deste fim de semana será composto por 26 mulheres, 23 homens e uma pessoa não-binária. No que diz respeito a idades, 13% dos participantes têm entre 15 e 24 anos, 58% entre os 25 e os 64 anos e 29% mais de 65. Destes participantes, 46% têm o ensino básico, 17% o secundário e 38% atingiram o ensino superior. A esmagadora esmagadora maioria (75%) é empregada, enquanto que 21% é estudante e 4% encontra-se desempregada.

O quinto parâmetro era a zona, e embora na ficha de inscrição as pessoas tenham colocado a sua freguesia, no sorteio foram usadas as cinco grandes áreas que a própria câmara utiliza para dividir a cidade. "Se nós investirmos em fatiar a população corretamente pelas freguesias já não há forma de conseguirmos uma boa representatividade nos outros aspetos. Então foi feita esta escolha: em vez da representatividade exata ao nível das freguesias individualmente, uma a uma, ligámos as freguesias em zonas", sublinha Manuel Arriaga.

Como resultado do sorteio levado a cabo pelo Fórum dos Cidadãos, e tentando espelhar o Censos de 2021, 27% dos participantes serão oriundos de Lisboa Norte, 10% de Lisboa Ocidental, 21% de Lisboa Oriental, 25% de Lisboa Centro e 17% do Centro Histórico.

Estas 50 pessoas têm agora pela frente dois dias de trabalho, que começam já amanhã às 09.00 com uma intervenção do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e só terminarão no domingo já depois das 18.00.

Segundo fonte da autarquia lisboeta adiantou ao DN, "a primeira parte dos trabalhos será dedicada à aprendizagem do tema e troca de ideias com conselheiros, que irão fazer a ligação entre o tema "macro" e o dia-a-dia das pessoas". Um destes conselheiros é Júlia Seixas, professora da Universidade Nova de Lisboa nas áreas do Ambiente, Energia e Alterações Climáticas, que irá explicar como os desafios globais impactam a vida dos cidadãos. Pedro Martins Barata, coordenador da equipa que elaborou o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, é outro dos oradores e falará sobre os desafios ligados à produção de energia nas cidades.

Já Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, vai falar enquanto ativista pelo clima sobre o que se faz de melhor e de pior em outras cidades do mundo. Por fim, e em representação da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Freitas explicará "como as alterações climáticas estão a impactar o dia-a-dia dos lisboetas e o que vai acontecer no futuro, abordando também o que a CML faz e planeia fazer, focando-se nos obstáculos que estamos a encontrar", acrescenta a mesma fonte.

O segundo dia será dedicado à deliberação e elaboração de propostas, sendo que aquelas que saírem desta reunião, que será transmitida em streaming nas plataformas da autarquia, serão apresentadas e entregues pelos cidadãos a Carlos Moedas ou a um seu representante. A Câmara de Lisboa compromete-se a tornar públicos os resultados desta iniciativa, bem como "dar continuidade às propostas" e "comunicar os progressos realizados", segundo fonte da autarquia.

As inscrições para o segundo Conselho de Cidadãos, cuja data ou tema ainda não estão definidos, abrem logo na segunda-feira, dia 16 de maio.

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