Marta Temido rejeita demissão do Conselho de Administração do Hospital de São João

Em causa incêndio que provocou um morto e quatro feridos. Ministério da Saúde solidariza-se com Conselho de Administração e não aceita pedido de demissão
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O Conselho de Administração do Hospital de São João apresentou a demissão à ministra da Saúde, revelou esta segunda-feira o presidente do órgão, Fernando Araújo, numa declaração aos jornalistas.

"O Conselho de Administração do Hospital de São João apresentou eticamente o pedido de demissão à ministra da Saúde e vai continuar em funções até a ministra tomar uma decisão", revelou Fernando Araújo, que disse que as causas do incêndio ainda estão a ser apuradas mas que está excluída uma falha infraestrutural do hospital.

Porém, o Ministério da Saúde anunciou horas depois que rejeitou o pedido de demissão. "A Ministra da Saúde mantém total confiança no trabalho desenvolvido pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de S. João e na sua capacidade de congregar esforços para prestar os melhores cuidados de saúde às populações, pelo que não pode aceitar o pedido de demissão", pode ler-se num comunicado enviado às redações.

"A Ministra da Saúde solidariza-se e acompanha a consternação de toda a equipa dirigente perante os factos ocorridos, lamenta profundamente a morte registada, o sofrimento dos familiares envolvidos, agradecendo aos profissionais de saúde e bombeiros que, pondo a sua vida em risco, responderam e combateram o incêndio", deu conta o Ministério de Marta Temido, reconhecendo o "elevado sentido ético no exercício de funções públicas dos elementos do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de S. João, EPE, ao colocarem os seus mandatos à disposição do Ministério da Saúde perante o incêndio que ontem ocorreu no hospital e que fez uma vítima mortal e quatro feridos graves".

O gabinete de comunicação do Ministério da Saúde referiu que Marta Temido deslocou-se ao início desta tarde ao Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), na sequência do incêndio que deflagrou no domingo no serviço de pneumologia.

"A ministra da Saúde lamenta profundamente a morte registada e endereça sentidas condolências aos familiares das vítimas e deseja uma rápida recuperação a todos os feridos", refere.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) já revelou que instaurou um inquérito para apurar as responsabilidades no incêndio ocorrido no domingo no Hospital São João, que causou um morto e quatro feridos graves.

A IGAS adianta em comunicado que o processo de inquérito ao Centro Hospitalar Universitário de São João vai ser conduzido por dois inspetores do Núcleo Regional do Norte.

Fonte da Polícia Judiciaria (PJ) disse esta segunda-feira à Lusa estar a ser investigado o incêndio que deflagrou, no domingo, no Hospital de São João, causando um morto e quatro feridos graves.

Segundo a mesma fonte, "a PJ foi chamada a investigar as circunstâncias" do incêndio que, pelas 17:40 de domingo, atingiu o piso 9 do Hospital de São João, onde está o serviço de Pneumologia, e que obrigou à retirada de doentes.

Vários órgãos de comunicação social noticiam que o incêndio foi provocado por um doente que acendeu um cigarro no quarto, quando se encontrava a receber oxigénio.

Em comunicado divulgado no domingo, o CHUSJ diz que o incêndio, "de elevada complexidade", foi dado como extinto às 19:00, dando conta da existência de "uma vítima mortal a lamentar, [de] quatro feridos graves" e de "cinco profissionais afetados", que receberam assistência no serviço de urgência.

"As causas do incêndio estão a ser apuradas e será aberto um processo de averiguações interno", refere o CHUSJ, acrescentando que "o plano de incêndio do hospital e o plano de emergência interno foram prontamente ativados, possibilitando a deslocação dos doentes e dos profissionais, bem como o combate ao incêndio pelas equipas internas e pelas corporações de bombeiros".

O CHUSJ sublinha ainda que o hospital está a "prestar informação e apoio psicológico às famílias das vítimas e aos profissionais", tendo apresentado "os mais sentidos pêsames à família da vítima mortal".

Uma nota publicada na noite de domingo na página oficial da Presidência da República refere que Marcelo Rebelo de Soua contactou o presidente do conselho de administração do Hospital de São João, na sequência do incêndio, exprimindo solidariedade com todos os envolvidos.

"O Presidente da República falou esta noite com o Prof. Doutor Fernando Araújo, Presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, para se inteirar do incêndio desta tarde, que causou quatro vítimas, uma das quais entretanto falecida, e exprimir solidariedade com todos os afetados e respetivas famílias, mas também com os profissionais daquela unidade de saúde", lê-se no comunicado.

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