Conferência. Jacob van Rijs, o arquiteto que quer otimizar o futuro das cidades

O arquiteto holandês, autor de seis pontes pedonais em Leiria, esteve esta quarta-feira no CCB
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Otimizar o espaço e o futuro das cidades, num contexto de forte densidade populacional da Holanda deu o mote ao atelier MVRDV, fundado em 1991 por Jacob van Rijs, que esteve esta quarta-feira em Lisboa para falar sobre a sua arquitetura, convidado pela Trienal de Arquitetura. A conferência, Distância Crítica, decorreu no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém.

Quem é Jacob van Rijs e o que faz o seu gabinete? A obra explica: entre outros projetos, assinamram as seis pontes pedonais construídas em Leiria, no âmbito do programa Polis, entre 2003 e 2005. Há a ponte parque infantil, a tridente, a ponte-bar (na foto), a varanda, a piquenique e a sofá.

China, EUA, Coreia do Sul, França, Noruega, Alemanha, Espanha e, claro, Holanda, estão na lista de locais onde o MVRDV já deixou a sua marca. "Como relacionam as suas estratégias com lugares e culturas que lhes estão muito distantes?" Esta é uma das perguntas que a associação Trienal de Arquitetura, organizadora do ciclo de conferências Distância Crítica em parceria com o CCB, lança ao holandês, que aterra em Lisboa vindo da Colômbia.

Van Rijs nasceu em Amesterdão, em 1964, estudou na Universidade de Delft, dá aulas e palestras e o seu trabalho começou a chamar a atenção logo no início dos anos 90, quando fundou o MVRDV com Winy Maas e Nathalie de Vries, e projetaram a sede da companhia pública de televisão.

Antes de se lançarem a solo, Maas e Van Rijs colaboraram com Rem Koolhaas, o autor da Casa da Música no Porto. Ambos desempenharam funções importantes no atelier OMA.

Arquitetura sustentável

O primeiro mandamento da arquitetura de Van Rijs é focar-se na integração social e ambiental dos edifícios. Investigar os locais e os seus constrangimentos socio-culturais, económicos. A sustentabilidade é outro eixo central do trabalho do urbanista.

Outra ideia que ganhou força, segundo Van Rijs é que os seus projetos são matemática pura. "A abordagem matemática é uma ferramenta básica: usamo-la quando faz sentido, mas é sempre necessário design inteligente", disse à Domus.

"Ao lado da eficiência energética e ambiental das tecnologias que usamos, nunca devemos subestimar o valor social e público de um projeto - parte essencial da sustentabilidade", afirma o arquiteto.

Um novo mercado em Roterdão

Um dos trabalhos mais marcantes de Van Rijs e do seu escritório de arquitetura é o mercado público da cidade de Roterdão, que visava ajudava a financiar o local incluindo habitação - atraindo assim novas pessoas ao centro da cidade. O autor, que estudou a cidade em 1999 para a sua tese de mestrado (e onde está sediada o atelier), explica que encontraram semelhanças entre o espaço e a Galeria Vittorio Emanuele, em Milão. A altura interna é a mesma. O propósito é sempre o mesmo: encontrar espaço num mundo sobrepopulado.

A conferência, cuja entrada custa 5 euros (e 90 minutos de duração), tem moderação de Diogo Burnay, aborda também a evolução e consolidação dos MVRDV.

Esta é a terceira conferência organizada pela Trienal de Arquitetura e pelo CCB. O indiano Bijoy Jain e o chileno Smiljan Radic foram os outros anteriores convidados.

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