Conceição finta continuidade e lamenta morte que abafou mérito da equipa
Este sábado é o dia da consagração no Dragão, com a equipa a receber o troféu de campeão no final do jogo com o Estoril (18.00, SportTV1), seguindo-se depois um cortejo pelos Aliados e a receção na Câmara aos novos campeões nacionais. Mas na conferência de lançamento do jogo, Sérgio Conceição voltou a fintar as perguntas sobre a sua continuidade e lamentou que as notícias da morte de um adepto nos festejos de domingo tenham abafado o mérito do FC Porto na conquista do campeonato.
Comecemos pela questão da continuidade. Conceição tem mais dois anos de contrato com o FC Porto, mas tal como revelou Pinto da Costa, existe uma cláusula de rescisão que pode ser ativada, no valor de 10 milhões de euros. Nos festejos do passado domingo, os adeptos insistiram com o treinador sobre a permanência no Dragão, mas o técnico ficou na altura em silêncio. E voltou a chutar o assunto para canto.
"O meu futuro é amanhã [hoje], depois a final da Taça [dia 22 com o Tondela] e olhar para o futuro dos jovens. Como costumo dizer, os temas do mercado, saídas ou entradas, ficam ali à porta", atirou, justificando depois em tom de brincadeira porque não respondeu aos adeptos sobre a continuidade: "Fiquei sem palavras porque bebi duas ou três cervejas, emocionei-me por ver a capacidade que uma equipa futebol tem de meter tanta gente feliz. Em todos os títulos de campeão sinto uma emoção enorme. Somos gente brava, mas que temos coração e em alguns momentos vem a lágrima ao olho".
O tabu sobre a continuidade no comando dos dragões tem sido recorrente em alguns finais de temporada nas últimas cinco épocas em que treina o FC Porto. Umas vezes mais alimentado do que outras, mas a verdade é que o técnico acaba sempre por ficar. Pinto da Costa já formulou o desejo de o manter por muitos anos.
O técnico portista lamentou depois que o "episódio triste" da morte de um adepto nos festejos do último domingo, resultante de um rixa entre grupos rivais, tenha abafado o mérito da equipa na conquista do título de campeão: "Ninguém gosta de ver o que aconteceu. Foi o combustível para que muita da imprensa falasse muito de cenas lamentáveis, mas não se falou do mérito da equipa do FC Porto na conquista de mais um campeonato. Quero condenar, isso não é futebol e não quero ir por aí".
Conceição pronunciou-se ainda sobre a acusação que já lhe foi deduzida ainda sobre os incidentes após o jogo com o Sporting, ocorridos na garagem do Dragão. Mais uma vez, o treinador defendeu-se e respondeu que não sabe o que ali se passou. "Não estive presente. Não há, nem pode haver, um polícia, um delegado da Liga, uma imagem ou uma pessoa idónea que possa dizer que eu fiz o que está relatado na acusação. Não há. Não sei o que aconteceu. A acusação é feita com base no testemunho de cinco pessoas ligadas ao Sporting", indicou.
Voltando ao jogo com o Estoril, o técnico disse que esta semana nos treinos viu mais satisfação nos jogadores, já na posse do título de campeão, mas confirmou que o empenho foi o mesmo: "É normal aqui ou acolá haver um estado mais alegre, antes ou depois do treino. Não durante, não admito. Relax durante o treino não existe, a minha azia é igual. A preparação do jogo foi muito séria e teve o mesmo espírito durante o treino. Antes e depois merecem estar felizes. Mas a festa é depois do jogo", lembrou.
Há um lote de quatro jogadores que ainda não somaram qualquer minuto no campeonato e que por isso não podem ser considerados campeões. São os casos de Rúben Semedo, Fernando Andrade e dos dois guarda-redes Francisco Meixedo e Cláudio Ramos. Mas Conceição não deu certezas: "Importante é dar mais essa alegria, os adeptos do FC Porto querem festejar o título em cima de uma vitoria. Eu utilizo os jogadores que acho bem, sei que há alguns que não foram utilizados, mas vamos vendo em função do que é o jogo."
Apesar de já estar na posse do título, o jogo com o Estoril pode pode permitir aos dragões quebrar mais algumas marcas, como a possibilidade de o FC Porto passar, pela primeira vez, a barreira dos 90 pontos ganhos em 34 jogos. "Não temos de pensar em recordes, mas na tarefa de conquistar os três pontos, que depois coincidirão com o tal máximo num campeonato com 18 equipas", atirou.
Questionado sobre se este é o melhor plantel que já treinou nas cinco épocas que leva no comando do FC Porto, Conceição preferiu destacar a juventude da atual equipa portista. "No meu primeiro ano tinha Casillas, Maxi [Pereira], Herrera, Aboubakar, Marega e temos conseguido construir equipas sólidas e capazes de chegar ao fim desde aí. Agora, há muita gente, como o Fábio Vieira, Vitinha, Francisco Conceição, em quem pouca gente acreditava no início do ano. Qual é o FC Porto que pratica o melhor futebol? Depende de muita coisa, depende do tipo de futebol de que gostas. As pessoas gostavam muito de ver o Barcelona a jogar e eu adormecia", indicou o técnico que foi campeão em 2017-18, 2019-20 e 2021-22.
Já na posse do título de campeão nacional, este sábado ficará marcado por várias celebrações no Estádio no Dragão e na cidade do Porto. O jogo com o Estoril tem início às 18.00, mas as portas do estádio vão abrir duas horas antes. Após o jogo, o plantel campeão vai receber das mãos de Pedro Proença, presidente da Liga, o troféu relativo à conquista do campeonato. Depois haverá aqueles momentos normais de festa no relvado, em comunhão com o público. De seguida, por volta das 22.30, o plantel irá sair do Dragão num autocarro panorâmico em direção à Avenida dos Aliados - a polícia pede que ao longo do trajeto os adeptos "mantenham a distância de segurança indicada para evitar acidentes e o bloqueio dos autocarros". E por fim haverá uma receção na Câmara, com o tradicional momento do plantel à varanda a mostrar o troféu.