Comunicações dos pilotos: piloto automático pode ser o problema do Boeing 737 Max
Falhas no piloto automático do Boeing 737 Max podem explicar as quedas de aeronaves como aconteceu em Jacarta em outubro do ano passado (189 mortos) e na Etiópia a 10 de março (153 mortos). Essa é a tese que a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) está a avançar depois de ter tido acesso aos dados de satélites que "indicavam várias semelhanças" entre os dois acidentes.
Os técnicos da FAA analisaram as comunicações de vários pilotos e encontraram muitas coincidências no comportamento dos aviões depois de os comandantes das aeronaves ativarem o piloto automático. Segundo conta o diário espanhol El Mundo, depois de atingir a velocidade vertical de cerca de 1800 pés por minuto (um pé equivale a 30,48 centímetros) e com a aceleração a decorrer normalmente os pilotos passavam para o sistema automático. Pouco depois soava o alarme: o indicador de velocidade indicava 1200 a 1500 pés por minuto e em rota descendente.
Ou seja, em dois ou três segundos, o Boeing 737 Max 8 invertia a marcha e deixava de estar a subir 550 metros por minuto para se lançar em direção a terra fazendo entre 365 a 457 metros por minuto. Como o avião ainda está carregado de combustível - o que pode duplicar o peso - evitar o embate seria muito difícil.
Estas informações sobre o comportamento da aeronave foram transmitidas pela FAA ao Sistema de Informação de Segurança Aérea da Nasa, de forma anónima, e foram publicadas recentemente pelo diário norte-americano Dallas Morning News e pelo site Airlinereporter citando a existência de cinco incidentes com este aparelho.
Também o jornal brasileiro Gazeta do Povo revela que a Boeing instalou um sistema - o " Maneuvering Characteristics Augmentation System (MCAS) - para fazer correções que sejam necessárias nas trajetórias, só que um sensor teria uma deficiência que levou a que fossem enviadas informações incorretas ao sistema de voo do avião da Lion Air que caiu em Jacarta (Indonésia).
Os especialistas só têm, por agora, uma explicação: o software do piloto automático do 737 Max é tão evoluído que parece assumir o controlo da aeronave. Perante a evolução do sistema, os pilotos apesar de estarem bem treinados não conseguem dominar rapidamente este novo sistema, o que poderá explicar os acidentes.
A Boeing já anunciou que vai lançar em breve uma atualização do software para o 737 Max, de forma a que possa voltar a ser utilizado pelas companhias aéreas. Mas fica por apurar o impacto na confiança dos passageiros.