Computação quântica. China cria computador "um bilião de vezes" mais rápido do que qualquer outro

O Jiuzhang levou pouco mais de três minutos a completar uma tarefa que um supercomputador não conseguiria resolver em 600 milhões de anos, anunciam cientistas chineses.
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Um computador quântico "um bilião de vezes" mais rápido do que o mais poderoso supercomputador, com potencial para ser usado em funções da vida quotidiana. É o que um grupo de físicos chineses afirmou ter concretizado, num artigo publicado esta sexta-feira no sítio da revista Science,

Usando um processo a que chamaram "amostragem bosão gaussiana", o protótipo de computador quântico dos investigadores chineses -- a que chamaram Jiuzhang -, demorou pouco mais de três minutos a completar uma tarefa que o computador convencional mais rápido do mundo não conseguiria resolver em 600 milhões de anos.

Os computadores convencionais estão a revelar dificuldades em conseguir lidar com problemas que envolvam incerteza. É o caso das previsões de alta e queda das bolsas de valores, ou seguir o rasto de um novo vírus até à sua origem, adivinhar a palavra-passe de um conta bancária ou simular a vibração de um qualquer átomo, por exemplo.

Já os computadores quânticos assentam numa física do mundo subatómico um tanto ou quanto contra-intuitiva e são extremamente frágeis e difíceis de manter.

Isto porque, ao contrário do que acontece com os computadores tradicionais, binários, cujas computações se realizam através da contagem de 0 e 1 -- sim ou não --, os computadores quânticos baseiam o seu funcionamento no princípio da incerteza das partículas: até ao momento da medição, estas podem matematicamente ter, simultaneamente, as duas características -- sim e não. Tal permite realizar muitas mais operações em menos tempo, mas torna todo o processo extraordinariamente complexo.

A simples concretização da programação destas máquinas é um desafio matemático invulgar.

Agora a equipa de investigadores, liderada pelo professor Pan Jianwei, reivindica. "Este feito dita claramente a posição de liderança do nosso país no campo da investigação internacional de computação quântica".

Dispositivos deste género estão a ser desenvolvidos tanto na Europa como nos EUA, neste último caso com a IBM e a Google a serem as empresas com projetos mais conhecidos.

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