Renegociar a dívida e valorizar trabalho permite "crescer de forma sustentada".A CGTP acredita que Portugal pode "crescer muito mais" este ano, mas só com "o aprofundamento de duas matérias" que o Chefe do Estado "não abordou": a renegociação da dívida e "o confronto com o tratado orçamental", a valorização do trabalho e dos trabalhadores.."Estas são, entre outras, as respostas que podem ajudar a que Portugal cresça de uma forma sustentada e possa melhorar as condições de vida dos trabalhadores e salvaguardar a soberania" do Estado, defendeu o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos. Lembrando que o país "está a criar mais emprego que a média da UE e está a crescer economicamente mais do que a UE, o líder sindical sustentou que "os problemas resolvem-se atacando as causas que estão na sua origem".."Para criar emprego é preciso ter um crescimento sustentado da ordem dos 3%, mas isso nunca será possível com um encargo anual de juros de 8,5 mil milhões de euros e que é o dobro daquilo que o Estado português está autorizado" em matéria de investimento público, argumentou Arménio Carlos..Valorizar o trabalho e os trabalhadores, insistiu o secretário-geral da Intersindical, implica romper com o modelo de baixos salários e trabalho precário", apostar na "justa distribuição" da riqueza, dinamizar a contratação coletiva (revogando a norma da caducidade) e fazer "a reposição integral do princípio do tratamento mais favorável"..Estrangeiros que investem "não são padeiros nem donos de restaurantes".O economista João Duque entende que Portugal consegue responder "à grande questão" colocada pelo Presidente da República com maiores exportações de bens e serviços e mais investimento, sendo o respetivo sucesso aferido por "crescer a uma percentagem superior à média europeia"..Essa "é a receita saudável para termos uma economia a crescer de forma sustentável", sustenta o académico, admitindo que "é necessário algum" investimento público porque "não devia ser esse o principal" motor do crescimento económico do país. Essa componente "pode criar alguma dinâmica" mas, com o executivo a "privilegiar a remuneração do fator trabalho e das pensões acaba por não ter espaço" para canalizar verbas para investir, assinalou..Outro fator visto como negativo pelo professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão é o de "não ver a iniciativa privada a potenciar" as infraestruturas existentes. "O investimento privado não dá sinais de recuperar e até caiu de forma perigosa", pelo que são precisos investidores externos para o país crescer. "Mas como se convencem estrangeiros a virem para Portugal, num ambiente de alguma agressividade e ataque das forças que sustentam o Governo ao que é grande investimento?", pergunta João Duque, acrescentando: "Os que vêem não são padeiros nem donos de restaurantes... olha-se para o país e vê-se um governo refém da extrema esquerda.".Justiça mais rápida mas sem "criar obstáculos" para reduzir processos.O bastonário eleito dos Advogados tem uma certeza quanto às soluções para tornar a Justiça mais rápida: "Não podem ser feitas à custa de criar obstáculos" ao seu acesso pelos cidadãos, aumentando as custas judiciais, para assim reduzir o número de processos.."A Justiça tem um ritmo e um andamento diferentes conforme estamos a falar de tribunais de primeira instância ou nos de recurso", pois a lentidão centra-se nos primeiros, ou entre os que tratam "de assuntos civis e criminais ou administrativos e fiscais", onde ela "é absurdamente lenta", assinala Guilherme Figueiredo.."Está em causa o Estado de Direito Democrático" no caso dos tribunais administrativos e fiscais, porque "tratam da relação entre o cidadão e o Estado" - o que envolve direitos de cidadania, alerta o bastonário eleito dos advogados.."Os atrasos na Justiça, na generalidade, não têm a ver com os intervenientes" mas com "razões objetivas" relacionadas com a falta de funcionários judiciais e magistrados ou deficientes condições dos tribunais e salas de audiência, diz Guilherme Figueiredo, responsabilizando ainda as "alterações constantes" no plano legislativo. "Em oito anos houve três grandes alterações" na organização judiciária do país e essas "reformas estruturantes também prejudicam o andamento da Justiça", enfatiza o novo representante máximo dos advogados..Criar "programa de desenvolvimento local" para os mais desfavorecidos.O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) defende a criação de "um programa de desenvolvimento local" para ajudar os mais desfavorecidos, onde "não se notam" melhorias como já regista ao nível da classe média..Para criar emprego e promover a economia "era importante reativar pequenas atividades, nomeadamente com uma aposta nos equipamentos e terrenos devolutos", sublinha o padre Lino Maia, que ao setor da agricultura juntaria ainda "os primeiros socorros" no da saúde ou o artesanato e "serviços de proximidade".."Essa tem de ser uma opção inadiável, a que as instituições de solidariedade social poderão dar o seu contributo". Mas, na medida em que estão presentes "em todos os meios e em particular nos mais carenciados, podem ajudar a serem dinamizadoras do desenvolvimento local", considera o padre Lino Maia..No caso do combate à pobreza infantil, expressamente referida pelo Presidente da República na mensagem de Ano Novo, Lino Maia diz que isso "passa certamente por mais apoios sociais à família" e que se "alargue a frequência de creches" nos bairros sociais e outras zonas deprimidas. "É importante também continuar a investir no aumento do salário mínimo, porque muitas das famílias que dele dependem têm crianças e [esse valor] acaba por afetar muito a vida da família", lembra o padre.