Como Alarcón e a W52-FC Porto sentenciaram a Volta na serra da Estrela

Só uma catástrofe tirará a vitória ao espanhol no contrarrelógio de hoje. Portistas tiveram tática perfeita na Torre
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Exibição avassaladora da W52-FC Porto. As diferenças de menos de 20 segundos passaram para mais de cinco minutos após uma etapa da Torre que deixou os rivais, Vicente García de Mateos e Rinaldo Nocentini, a lutar pelo último lugar do pódio. Na frente estiveram Amaro Antunes e Raúl Alarcón numa aliança perfeita, a fazer vingar uma tática ideal da equipa portista. Ricardo Mestre deu uma ajuda preciosa, mas acabaram por ser os dois primeiros as figuras do dia. As figuras da Volta a Portugal.

Durante os 10 dias de corrida, Amaro Antunes foi um homem de extrema importância para Alarcón e para Gustavo Veloso na W52-FC Porto. O galego quebrou, e de que maneira, na Torre, mas numa equipa com tantas opções de luxo foi uma questão adaptar a tática a quem estava na luta. Depois de tanto trabalhar, não só na etapa rainha mas em toda a Volta, foi um prémio justo ser Amaro o vencedor do dia, enquanto Alarcón fica com a amarela, a não ser que algo catastrófico aconteça hoje no contrarrelógio final, em Viseu.

Garantida está a classificação da montanha, com Amaro Antunes a ficar com a camisola azul, beneficiando precisamente da fuga para somar os pontos de que precisava.

"Sabíamos para o que íamos e as coisas correram na perfeição", afirmou Amaro Antunes, à RTP, não deixando dúvidas de que está encontrado o homem que irá levar o troféu da Volta para casa: "Ele [Alarcón] é um justo vencedor." O ciclista algarvio salientou ainda como a demonstração na etapa rainha, que terminou na Guarda (184,1 quilómetros), comprovou que não havia divisões dentro da equipa.

Separados por 31 segundos, não haverá luta pela geral no contrarrelógio de hoje em Viseu (20,1 quilómetros), ao contrário do que aconteceu há um ano, quando Veloso ainda tentou tirar a amarela a Rui Vinhas. "Ele [Alarcón] é o camisola amarela quase desde o início. Fico satisfeito com o segundo lugar", salientou Amaro Antunes.

Para Veloso, 37 anos, é um final de Volta a Portugal que desilude. Ontem, perdeu quase 42 minutos e acabou acompanhado por... Rui Vinhas.

Quem fechará o pódio?

Depois de um dia tão mau para quase todos os que não faziam parte da W52-FC Porto - exceção feita a Kris Neilands (Israel Cycling Academy), líder da juventude, que só a 15 quilómetros do final deixou a companhia de Antunes e Alarcón -, resta um prémio de consolação para Vicente García de Mateos e Rinaldo Nocentini. O espanhol do Louletano-Hospital de Loulé e o italiano do Sporting-Tavira vão disputar uma presença no pódio, com vantagem de oito segundos para Mateos.

Nocentini esteve melhor no prólogo e poderá ter alguma vantagem. A questão será ver como irá o desgaste da etapa da Torre e de uma Volta inteira influenciar a condição física de um ciclista com 39 anos (em contraponto com Mateos, de 28). No resto do top 10 é possível que se verifiquem ligeiras alterações, pois Sérgio Paulinho e Alejandro Marque, por exemplo, podem ainda melhorar.

Falta de cooperação

Ainda durante a etapa-rainha de ontem, Jorge Piedade, diretor desportivo do Louletano-Hospital de Loulé, mostrou-se desagradado com o facto de nenhuma equipa ajudar a sua formação e a do Sporting-Tavira na perseguição aos homens da W52-FC Porto na frente da corrida. Nem a Efapel nem a Rádio Popular-Boavista tinham interesse em desgastar-se, com os respetivos líderes longe da liderança e já com etapas conquistadas.

Além disso, o que aconteceu na chegada a Oliveira de Azeméis, no dia anterior, não terá sido esquecido por Américo Silva, diretor desportivo da Efapel, equipa que nessa etapa fez todo o trabalho para apanhar a fuga e disputar a etapa através de Daniel Mestre, mas viu a vitória cair para Vicente García de Mateos. E assim a W52-FC Porto aproveitou para sentenciar a Volta na serra da Estrela, mesmo sem uma chegada ao alto da Torre.

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