Ganharam um palco na segunda edição em Portugal, em 2017, e continuam agora o manifesto em 2018. São mulheres, profissionais na área da tecnologia. Mas ainda são poucas e, à semelhança do que acontece em outros setores, por norma vivem com condições salariais mais limitadas do que os homens na mesma área. Estão, por isso, dispostas a lutar para mudar o curso das coisas..Como Liliana Castro, fundadora da comunidade Portuguese Women in Tech (PWIT). A área da tecnologia já há muito que é considerada uma das mais desiguais para as mulheres de todo o mundo, mas um estudo de março de 2018, levado a cabo pela plataforma Honeypot, apontou Portugal como o país que mais oportunidades concede às mulheres na área, numa amostra de 41 países da OCDE e da União Europeia. Portugal regista a menor diferença entre os salários da tecnologia e dos restantes setores, com 7,26 por cento..O problema está, contudo, na representação das mulheres no setor. O sexo feminino ocupa apenas 16,08 por cento dos empregos. Dados que contrastam com os de alguns países como a Bulgária, onde o género feminino ocupa 30,28 por cento destes postos de trabalho..Aqui, Liliana Castro não acredita que a Web Summit venha "desbloquear uma coisa do zero", mas não tem dúvidas de que "vem potenciar o crescimento de coisas que já estavam a acontecer". "Eu acho que a conferência é importantíssima para a evolução de tudo. Não acho que as coisas não acontecessem sem a Web Summit, mas inevitavelmente vem ajudar no processo da visibilidade e de oportunidades para as mulheres"..Quanto mais não seja, como explica Rita Marques, engenheira eletrotécnica e CEO da Portugal Ventures, porque a cimeira aumenta oportunidades no setor e, por isso, abre mais lugares para o sexo feminino ou até mesmo porque este se vai tornando um setor cada vez mais apetecível..A fundadora da PWIT, criada para dar visibilidade às mulheres portuguesas da área da tecnologia, elogia a ação da organização da Web Summit, por onde se começa a dar voz ao tema. "Há, por exemplo, um Women In Tech lounge e um programa de mentorias. Este último permite-nos dar mentoria a outras mulheres que querem entrar no ecossistema ou mudar de carreira", conta..Rita Marques diz já estarmos cara a cara com a mudança, pois temos "empresas mais conscientes, com mais políticas amigas da mulher, como permitir que se trabalhe a partir de casa ou a criação de um horário flexível, que são coisas que, se não existirem, normalmente afastam a mulher de construir uma carreira mais sólida neste setor, para poder dedicar-se mais à família"..E isto, garante Liliana, é também uma semente plantada pela chegada da Web Summit ao país..Um prémio para as mulheres na tecnologia.Este ano, a iniciativa da Booking.com, Women in Tech, tem um programa de mentoria que se expande durante toda a Web Summit. Gillian Tans, CEO da Booking disse que "90% das mulheres na tecnologia experimentam um qualquer tipo de discriminação no local de trabalho, 48% revelam não terem mentores, e 42% não têm exemplos a seguir. Estes são os três obstáculos que evitam que as mulheres avancem nas suas carreiras ou escolham carreiras tecnológicas.".As polémicas do último ano e o movimento do movimento #MeToo estão a criar um novo debate e o mercado tecnológico é tudo menos alheio a isso. Basta ver os números do público que marca presença na websummit para perceber aquilo de que falamos: dos 70 mil visitantes da cimeira, 45% são hoje mulheres. Em 2013, não eram mais de 25%..Anna O'Hare, diretora de conteúdos da WebSummit, fala de sinais muito positivos à Fundação Thomson Reuters. "Este ano uma série de conversas nos nossos palcos estão a tocar o assunto do número de mulheres do setor. Mas em ved de falarem apenas dos números, estão a falar das áreas em que elas são as especialistas.".A nona webSummit, terceira em Lisboa, acontece numa altura em que crescem as preocupações no mundo da tecnologia em relação ao sexismo e à discriminação de género. Na semana passada, milhares de pessoas em todo o mundo protestaram contra a falta de políticas que combatessem a discriminação e o assédio na Google.