Começou hoje processo de despedimento coletivo na Tobis

A administração liquidatária da Tobis informou os trabalhadores da produtora, às 17:00 de hoje, de que pretendia iniciar o procedimento de despedimento coletivo, disse à Agência Lusa o delegado sindical da empresa, Tiago Silva.
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Segundo o delegado sindical da Tobis, são abrangidos pelo despedimento coletivo 13 trabalhadores da mais antiga produtora cinematográfica portuguesa.

Os salários de março, incluindo a parcela correspondente aos dias do mesmo mês em que os trabalhadores saíram por mútuo acordo, ainda não foram pagos, acrescentou o delegado sindical.

Entretanto, o presidente do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), comunicou aos trabalhadores a intenção de se reunir com os trabalhadores da empresa a fim de os esclarecer sobre as dúvidas que têm em relação ao despedimento.

A comissão liquidatária da Tobis invoca razões estruturais e de mercado para o despedimento coletivo e o fecho da empresa.

De acordo com a comunicação que a administração liquidatária da Tobis enviou aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, após o início do processo de despedimento coletivo, segue-se um período de cinco dias para informações e negociações entre a estrutura representante da empresa e a dos trabalhadores, com vista à obtenção de um acordo entre as partes.

Depois de celebrado o acordo, ou na falta deste, e depois de decorridos 15 dias sobre a data de receção do comunicado enviado aos trabalhadores, a empresa comunicará, por escrito, a cada trabalhador que pretende despedir.

De acordo com o documento, a indemnização a atribuir a cada trabalhador é de um mês de retribuição de base e diuturnidades por cada ano de antiguidade.

A administração liquidatária da Tobis também informou hoje o Ministério da Economia da sua pretensão de proceder ao despedimento coletivo e ao fecho da empresa.

As mudanças tecnológicas no mercado do audiovisual, a diminuição da procura de serviços, como a que afetou as cópias em filme para distribuição devido à recessão económica, e que teve efeitos "devastadores" na empresa, e a confirmação da tecnologia digital para o setor do audiovisual são alguns dos motivos invocados pela administração liquidatária da Tobis.

Para a administração, os serviços prestados pela empresa não são suficientes para fazer face aos custos mensais, e muitos dos serviços prestados não são pagos de imediato, o que causa problemas de tesouraria.

O facto de não haver perspetiva de retoma do setor a longo prazo é outra das causas invocadas.

A dispensa dos primeiros 14 trabalhadores da Tobis - o mais novo somava 45 anos -, por rescisão amigável, verificou-se a 19 de março.

Antes, a Tobis contava com 53 trabalhadores, tendo passado então a 39. Destes, são agora despedidos 13.

A Tobis foi vendida a 23 de fevereiro à Filmdrehtsich Unipessoal Lda, uma empresa de capitais angolanos que passará a deter o segmento digital dos laboratórios - as áreas de restauro e de pós-produção digital.

A transação foi viabilizada pela Autoridade da Concorrência a 04 de abril.

A produtora mantém o património edificado e o património fílmico, que foi entretanto classificado como tesouro nacional.

O início da atividade da Filmdrehtsich está previsto para meados deste mês.

A Tobis é a mais antiga produtora cinematográfica em Portugal, embora nos últimos tempos se tenha dedicado à pós-produção.

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