Combates prosseguem em todas as frentes de guerra
Registaram-se alguns confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contra o regime de Kadhafi no bairro de Suq Al Yuma, no oeste da capital, que até agora permanecia sob controlo governamental e apenas tinha sido palco de alguns focos de protesto. O Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão dirigente máximo dos rebeldes em Benghazi, não pôde confirmar à agência EFE estas informações, mas um habitante de Suq al Yuma contactado por telefone garantiu que "a situação não é boa" naquele bairro, onde o fornecimento de água foi cortado. Segundo os relatos de alguns cidadãos e das organizações internacionais que conseguiram aceder à capital, em Tripoli começam a escassear os abastecimentos, sobretudo a gasolina, enquanto os preços dos produtos de primeira necessidade, como o açúcar e o óleo, dispararam.
A mesma situação se vive em Misrata, bloqueada pelas tropas governamentais, que no sábado bombardearam os depósitos de combustíveis que abastecem a cidade, o que poderá agravar a crise humanitária que a terceira cidade da Líbia - com cerca de 400 mil habitantes, palco dos combates mais violentos e símbolo da resistência dos rebeldes - já vive. Os combates prosseguiram no domingo em Misrata ao longo do dia e voltaram a concentrar-se, de acordo com a Al-Jazira, na área de Burgueya, uma área sob controlo dos rebeldes desde há dois dias. Este fim-de-semana, as tropas governamentais usaram pequenos aviões para bombardear Misrata, violando a zona de exclusão aérea imposta sobre a Líbia pela resolução 1973 da ONU, tal como confirmou Abdelhafid Ghoga, porta-voz e vice-presidente do CNT.
Por outro lado, a televisão estatal líbia informou que grupos de rebeldes de Misrata se renderam e se entregaram às tropas de Kadhafi, contra as quais lutavam há mais de dois meses. Misrata é atualmente a única grande cidade em poder dos rebeldes no oeste da Líbia, zona que permaneceu nas mãos do Governo desde o início das revoltas, em finais de fevereiro. Entretanto, a NATO atacou posições das tropas de Kadhafi em Misrata, bem como na zona de Yefren e al-Hera, no oeste do país, na zona das montanhas de Nafusa, segundo a televisão líbia. Os aviões da Aliança Atlântica também atacaram posições governamentais perto da localidade de Zintan, indicou a Al-Jazira, sem fornecer mais pormenores. O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, disse domingo que os bombardeamentos da NATO continuarão para fazer cumprir a resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige o fim de todos os ataques contra civis e o cessar-fogo imediato.