Comandante dos paraquedistas só relatou dificuldades de pessoal na segurança dos paióis
A preocupação do atual comandante do Regimento de Paraquedistas com a segurança dos paióis de Tancos centrava-se nas questões do pessoal sob o seu comando e em garantir que os oito militares envolvidos nas rondas tivessem equipamentos e condições para cumprir essa missão.
A informação foi dada esta quinta-feira pelo coronel Hilário Peixeiro na audição perante a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar ocorrido em junho de 2017 nos paióis de Tancos - uma área equivalente a 39 campos de futebol onde o oficial não foi, enquanto comandante do Regimento de Paraquedistas após tomar posse em novembro de 2016, com o "propósito de ver como a segurança estava a ser feita".
"Os paióis não estavam debaixo do meu comando e não vi muita lógica em incluir apreciações sobre instalações que estão debaixo" de outro comando nos relatórios feitos, uma vez que a responsabilidade do seu regimento era garantir a segurança do local. Nesses relatórios, o de posse e depois no final das duas missões em que teve a segurança dos paióis a seu cargo, "faço referência à tendência decrescente de pessoal".
Hilário Peixeiro observou que "era difícil e complexo entrar" nos paióis de Tancos, já que mesmo ele precisava de preencher documentos e ter credenciais para lá entrar mesmo que a segurança estava a cargo do seu regimento - ao que a socialista Maria da Luz Rosinha interrompeu de imediato para exclamar: "Mas não [foi difícil] para os ladrões...."
"Encontraram a oportunidade", replicou o coronel Hilário Peixeiro, escusando-se a dizer se quem furtou material militar daqueles paióis era amador ou profissional.
"Houve falhas, concerteza, se não não conseguiam" entrar nos paióis, acrescentou Hilário Peixeiro, dizendo não saber explicar se "foi sorte e aproveitaram um intervalo entre rondas" ou se "foram informados".
Segundo o oficial, a sua preocupação enquanto comandante do regimento responsável pela segurança dos paióis "era dizer que tinha confiança" nos militares destacados para o efeito e em "garantir que tinham as melhores condições" para cumprir a missão, atribuindo-lhes equipamentos de comunicações permanentes apesar das restrições financeiras existentes.
Os relatórios eram enviados para o escalão superior" e depois, até pelas conversas com comandantes das outras unidades envolvidas, "tínhamos a expectativa de ver quando é que o Exército conseguia ir resolvendo as situações". O pouco que foi acontecendo "dava alguma esperança, alguma confiança que [os problemas] iam resolver-se", acrescentou o quarto oficial a prestar declarações perante a comissão de inquérito parlamentar ao caso de Tancos.
Questionado sobre a sua exoneração temporária pelo então chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, Hilário Peixeiro disse ter-se sentido mal mas, estando "de consciência tranquila", acatou o que era uma responsabilidade de quem o nomeara.
Contudo, "não penso que tenha sido uma cortina de fumo para enganar o poder político", afirmou o coroel Hilário Peixeiro, para quem aquela decisão "foi o melhor que [o CEME] conseguiu fazer naquela altura". Certo é que "ninguém gostou" e houve um grande mal-estar interno por causa disso, reconheceu o oficial.
O comandante do Regimento de Paraquedistas referiu ainda que a responsabilidade pela definição das prioridades na segurança dos paióis e na melhoria das respetivas condições cabia ao CEME, embora pudesse ser aconselhado pelos generais da estrutura superior do Exército (comandantes operacional, da logística e do pessoal).