CNB mantém orçamento na temporada 2014
A nova temporada foi hoje apresentada numa conferência de imprensa no Teatro Camões, em Lisboa, com a presença da diretora artística da companhia, Luísa Taveira, do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e dos administradores do Opart - Organismo de Produção Artística, João Villa-Lobos e Adriano Jordão.
Jorge Barreto Xavier, que não ficou até ao final da conferência de imprensa alegando razões de agenda, fez a introdução referindo "as dificuldades" e "restrições" financeiras em muitos setores do país, às quais a cultura não é exceção.
A CNB "é um exemplo das possibilidades num contexto das limitações em que vivemos", disse o secretário de Estado da Cultura, sublinhando que esta entidade "está a fazer a sua parte" para garantir a presença da dança na criação artística do país.
Barreto Xavier indicou que decidiu manter Luísa Taveira por mais três anos à frente da CNB, "em reconhecimento do trabalho feito", e disse esperar futuramente uma "maior articulação da companhia com o Teatro Nacional de São Carlos, nomeadamente através da utilização da Orquestra Sinfónica Portuguesa".
Disse ainda que as encomendas a criadores portugueses "são essenciais para garantir uma dinâmica de colaboração com a criação contemporânea portuguesa", e apontou que "sem o mecenato da Fundação EDP, seria muito difícil apresentar a programação" para 2014.
Por seu turno, Luísa Taveira indicou que, apesar de a temporada estar concluída para 2014, até ao momento não foi possível desenhar a habitual digressão nacional, "devido às mudanças provocadas pelas eleições autárquicas, e às dificuldades financeiras de muitas câmaras municipais".
"Os teatros municipais muitas vezes não têm condições para receber a CNB, e não podem prestar qualquer apoio à companhia para apresentar os espetáculos", indicou.
Questionada pela agência Lusa sobre se prevê que essa situação venha a afetar a digressão nacional, Luísa Taveira disse esperar "que os problemas sejam resolvidos", e que a companhia venha a deslocar-se, como em anos anteriores, a entre 12 e 15 cidades do país.
Em relação ao mecenato da EDP, que deverá receber no próximo ano, indicou à Lusa que ascende a 300 mil euros para a programação e mais 100 mil euros para a digressão nacional, num total de 400 mil euros.
Para a programação de 2014, Luísa Taveira revelou que o orçamento também se manteve ao mesmo nível deste ano, de 504 mil euros, que, somados ao apoio mecenático, perfazem 800 mil euros.
Sobre as escolhas dos criadores portugueses para a nova temporada - entre eles Olga Roriz, Paulo Ribeiro e Rui Lopes Graça - que têm trabalhado com a CNB em anos anteriores, Luísa Taveira negou qualquer tipo de favorecimento, e salientou as "afinidades" com estes criadores.
"É importante sublinhar que a CNB tem tentado dar oportunidade a criadores portugueses e, por isso, todas as novas criações são de coreógrafos nacionais", sustentou.
Na conferência de imprensa, o administrador do Opart João Villa-Lobos, foi questionado sobre a continuidade do organismo, depois de, durante o mandatro do anterior secretário de Estado, Francisco José Viegas, ter sido anunciada a criação do GESCULT - Serviços Partilhados da Cultura, A.C.E., justificada com a "melhoria das condições de prossecução do serviço público".
O GESCULT iria agrupar os três teatros nacionais de Lisboa e Porto, a CNB e a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema.
"O Opart continuou a funcionar mesmo quando o A.C.E. foi constituído, e agora está suspenso. A parte legal tem sido, de facto, um caso particular, mas temos tentado manter as entidades afastadas desta incerteza", disse Villa-Lobos sobre a gestão da CNB e do Teatro São Carlos, cuja direção artística tem autonomia, "mas a partilha de serviços vai continuar".