CMVM volta a questionar BPP sobre retorno absoluto

A CMVM questionou a administração do BPP sobre se o objectivo da alavancagem das carteiras de clientes de retorno absoluto era exclusivamente para estes obterem lucros maiores, já que centenas de clientes se queixam de desvalorizações recentes.
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"A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não questionou a possibilidade de alavancagem por parte do Banco Privado Português (BPP), como consta das cláusulas contratuais gerais, o que a CMVM questionou é se essa alavancagem foi feita exclusivamente com o objectivo de obter retornos adicionais para os clientes de retorno absoluto", frisou hoje fonte oficial do supervisor em declarações à agência Lusa.

Afirmou ainda a mesma fonte que "a CMVM remeteu ao BPP um conjunto extenso de reclamações de clientes relativas a extractos recentes onde aparecem, face a extractos anteriores, depreciações significativas das carteiras e aumentos do endividamento, não tendo ainda obtido resposta".

O supervisor diz, portanto, que autorizou as cláusulas contratuais gerais onde se diz que a utilização da alavancagem tem como "objectivo obter retornos adicionais resultantes de taxas mais atractivas obtidas no activo adquirido", como consta do próprio comunicado de hoje, no qual o BPP diz que a CMVM aprovou, em Setembro de 2005, o contrato de gestão de carteiras que permitiu ao banco gerir os investimentos dos clientes do chamado retorno absoluto.

Em conferência de imprensa na quarta-feira, o presidente da CMVM mostrou preocupação com o facto de os clientes do BPP estarem "a receber extractos recentes com desvalorizações maiores das carteiras do que [as desvalorizações] que tinham em Dezembro" e ainda aparecerem como devedores do banco.

Disse ainda que as garantias dadas aos clientes de retorno absoluto não estavam, na altura em que o banco foi intervencionado, inscritas no balanço e "ainda não estão actualmente", bem como que o trabalho de verificação de quais os clientes com contratos devidamente formalizados não estava feito e que é a equipa da CMVM que está a fazê-lo.

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