Clubes de rapazes? ONU e NATO nunca foram lideradas por uma mulher

A Comissão Europeia poderá pela primeira vez ser liderada por uma mulher, a alemã Ursula von der Leyen, assim como o Banco Central Europeu, com a candidatura da francesa Christine Lagarde. Mas há organismos internacionais onde elas ainda não chegaram ao topo.
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Depois de oito secretários-gerais das Nações Unidas do sexo masculino, houve em 2016 uma forte campanha para que a ONU tivesse pela primeira vez uma mulher aos comandos. Entre os 13 candidatos, sete eram mulheres. Mas, no final, o cargo acabaria nas mãos de outro homem: o português António Guterres.

Na altura em que Guterres foi eleito, havia apenas uma mulher no Conselho de Segurança da ONU - responsável por avaliar as candidaturas e indicar a sua escolha para ser votada por todos os países membros. Era a embaixadora dos EUA, Nikky Haley, que entretanto se demitiu, não tendo o presidente norte-americano, Donald Trump, nomeado ainda uma ou um sucessor.

"Não tens hipótese se és uma mulher. Não é um teto de vidro, é um teto de aço", disse uma das adversárias de Guterres, a então chefe da diplomacia argentina, Susana Malcorra, queixando-se que o Conselho de Segurança é um "clube de rapazes", segundo um artigo da Foreign Policy.

Atualmente, há duas mulheres no grupo de 15 países (onde cinco são membros permanentes): a britânica Karen Pierce e a polaca Joanna Wronecka.

Outro organismo onde as mulheres também nunca ocuparam um cargo de liderança é a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). E aí, a abertura às mulheres parece mais lenta. O atual secretário-geral (o 13.º) é o norueguês Jens Stoltenberg, que está no cargo desde 2014 (o seu mandato já foi alargado várias vezes, a última, já este ano, até setembro de 2022).

A eleição do secretário-geral parte da nomeação dos países que pertencem à Aliança, sendo a escolha feita por consenso de todos os 28 estados membros. O cargo vai normalmente para um europeu, já que o Comandante Supremo Aliado na Europa é um norte-americano (atualmente é o general Tod D. Wolters).

Só em 2016 foi nomeada a primeira mulher secretária-geral adjunta da NATO, a norte-americana Rose Gottemoeller. A Eslovénia tornou-se, em 2018, no primeiro país da NATO a designar uma mulher para chefiar o seu exército, a major general Alenka Ermenc. Em janeiro desse mesmo ano, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, nomeou a primeira representante especial para as Mulheres, a Paz e a Segurança, a britânica Clare Hutchinson.

A situação tem vindo contudo a mudar ao nível dos ministros da Defesa. Em março de 2017, elas representavam já um quarto dos ministros da Defesa da organização (sete em 28) - uma delas era a alemã Ursula von der Leyen, que foi nomeada para a presidência da Comissão Europeia, podendo ser a primeira mulher a ocupar o cargo. Outra estreia será a de Christine Lagarde, atual presidente do Fundo Monetário Internacional, que está indicada para o Banco Central Europeu.

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