Ciudadanos ataca PSOE na moção de censura falhada contra Torra

Moção de censura contra o presidente da Generalitat está condenada à partida, porque os independentistas têm a maioria no Parlamento catalão. Socialistas vão abster-se e foram alvo dos ataques de Lorena Roldán.
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O Parlamento catalão debate esta segunda-feira uma moção de censura contra o presidente da Generalitat, Quim Torra, que está condenada à partida, visto os independentistas terem a maioria na Catalunha e os socialistas já terem dito que não vão apoiar a moção do Ciudadanos.

No discurso desta manhã no Parlamento catalão, a líder regional do Ciudadanos, Lorena Roldán, atacou não apenas Torra, mas também o PSOE.

"Estão em jogo os direitos, as liberdades e a segurança de todos os catalães. Esta moção de censura é uma obrigação moral para qualquer democrata e constitucionalista", disse Roldán num discurso de cerca de duas horas, ao qual assistiu o líder do Ciudadanos, Albert Rivera, e a ex-líder regional, Inés Arrimadas, que sempre foi contra a ideia de apresentar uma moção de censura que sabia à partida não poder ganhar.

"Nós os democratas não podemos estar ao lado dos que apoiam a violência e a quebra de convivência. Esperaríamos o voto de todos os constitucionalistas neste Parlamento", tinha dito ainda antes o porta-voz do Ciudadanos no Congresso, Carlos Carrizosa, que fez a primeira defesa da moção de censura, num recado direto aos socialistas catalães. Mas também interpelou diretamente o líder dos socialistas catalães, Miquel Iceta: "Verdade, senhor Iceta, que não vê a gravidade do que está a fazer este presidente da Generalitat?"

Só o Partido Popular catalão (com os seus quatro deputados) vai apoiar o Ciudadanos. Juntos os dois partidos só têm 40 votos, longe da maioria absoluta de 68. Os socialistas vão abster-se, com Iceta a dizer que nem Lorena Roldán, nem o Ciudadanos são a solução" de que a Catalunha precisa, e defendendo que a vitória nesta moção de censura "consolida" Torra...".

Ataques a Torra

Em relação a Torra, a líder do Ciudadanos na Catalunha acusou-o de "não ser capaz de pôr a convivência acima da sua ideologia. É o protagonista de uma escalada de barbaridade que nos leva ao abismo", disse no início do discurso.

No seu discurso apresentou dez eixos de atuação do seu governo -- se a moção fosse aprovada, seria ela a assumir a presidência da Generalitat -- desde o fim do processo independentista, à promoção da neutralidades das instituições públicas, e a aposta na saúde. "Foi abandonada por governos independentistas. A saúde deve ser pública e gratuita", indicou, defendendo que a sua primeira medida será cortar nas listas de espera.

O terceiro eixo é a educação, seguido da aposta no bem-estar dos catalães. O Ciudadanos quer ainda apostar na habitação, assim como cortar na burocracia nas matérias económicas, turismo e mercado laboral. O sétimo eixo é a segurança dos cidadãos, pedindo um reforço da legislação, e acusando Torra de politizar os Mossos d'Esquadra (a polícia catalã).

A nível de infraestruturas, Roldán defende uma melhor conexão da Catalunha a Espanha, à Europa e ao mundo. A deputada do Ciudadanos fala ainda de promover medidas contra as alterações climáticas e numa aposta na cultura. O último eixo é o da regeneração democrática e luta contra a corrupção.

"Peço que hoje, amanhã, dentro de um ano ou dez, olhemo-nos nos olhos para lembrar não o mal que fez Quim Torra, mas a altura democrática que nós fomos capazes de alcançar", concluiu Roldán.

Reação dos socialistas

Numa primeira reação ao discurso (o debate foi adiado para a tarde), a número dois dos socialistas catalães, Eva Granados, disse que se sentiram "muito protagonistas" e que "parecia mais uma moção de censura ao próximo presidente da Generalitar, Miquel Iceta [o líder socialista catalão] do que a Quim Torra".

Granados deixou ainda claro que considera um "engano" apresentar uma moção de censura condenada ao fracasso, dizendo que parecia que estava a assistir a um comício do Ciudadanos.

Ainda antes do discurso de Roldán, a conselheira da presidência da Generalitat e porta-voz do governo catalão, Meritxell Budó, foi a responsável por condenar a moção de censura. Disse à líder do Ciudadanos que o Parlamento catalão "não é um bar, não é um estúdio de televisão, não é um pavilhão onde se fazem atos de campanha" e lamentou o "mau uso" do mecanismo de moção de censura para usos "meramente partidistas". Segundo Budó, o interesse é meramente eleitoral.

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