Jair Bolsonaro foi operado com êxito por cerca de nove horas, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para retirada da bolsa de colostomia que vem usando desde o ataque sofrido em campanha, no dia 6 de setembro. Como as previsões médicas apontavam para três horas e meia de intervenção, a demora na cirurgia, um procedimento normal mas ainda assim delicado, chegou a causar alguma inquietação. O general Augusto Heleno, ministro da gabinete de segurança institucional, porém, disse que a demora se deveu a detalhes sem gravidade..Ao ser esfaqueado, Bolsonaro sofreu quatro perfurações, três no intestino delgado e uma no intestino grosso. Para diminuir o risco de infeções, os médicos haviam, nas duas cirurgias anteriores, isolado as áreas lesionadas da passagem normal das fezes. E ligado uma ponta do intestino à pele para evacuação por uma bolsa de colostomia, que o presidente do Brasil vem usando desde há meses..Na cirurgia agora efetuada, o cirurgião, que se fez acompanhar de dois cirurgiões auxiliares, de dois anestesistas e de quatro enfermeiros, cortou 40 centímetros da barriga de Bolsonaro para juntar a parte do intestino que ficou ligada à bolsa com o restante do órgão, através de um grampo cirúrgico e de pontos. A ideia é retomar o trânsito intestinal normal em quatro dias..O presidente permanece 48 horas sob efeitos da anestesia e deve receber alta apenas em uma semana e meia. Nessas 48 horas, o general Hamilton Mourão, vice-presidente, assume interinamente a presidência. Nos dias seguintes, Bolsonaro continuará a trabalhar normalmente, servindo-se de um gabinete montado no Hospital Albert Einstein para o efeito, munido de computador, internet, impressora, material para vídeoconferência e telefone fixo..Além da primeira-dama Michelle e do deputado federal Eduardo Bolsonaro, o seu terceiro filho, o ministro do gabinete de segurança institucional Augusto Heleno também acompanhou o presidente ao hospital. Heleno vai permanecer ao lado do presidente todos os dias que ele demorar a convalescer no hospital..Durante esse período, além da tragédia da barragem de Brumadinho, devem ser notícia no Brasil a preparação dos últimos detalhes da principal meta do governo neste ano, a proposta de reforma da previdência, pela equipa económica do ministro Paulo Guedes, e decorrem no Congresso Nacional as eleições para as presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, chamados nos bastidores da política brasileira de "terceira volta das eleições"..Bolsonaro foi atacado à faca, um dia e um mês antes da primeira volta das eleições, durante uma ação de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso imediatamente. Disse agir "em nome de Deus"..O então candidato foi levado à Santa Casa da Misericórdia de Juiz de Fora, onde foi submetido à primeira operação, e depois transferido para o Hospital Albert Einstein, onde seria novamente operado, e ficaria internado por 17 dias.