Nanni Moretti tem pontuado muitos dos seus filmes com referências de natureza autobiográfica. Querido Diário (1993) e Abril (1998) assumem-se mesmo como exercícios "documentais" sobre a sua vida pessoal e familiar. O caso de Minha Mãe é tanto mais intenso quanto o realizador não recusa o facto de o filme ter nascido da perda da mãe, ocorrida durante o período de pós-produção do anterior Habemus Papam (2011).
Veja o trailer:
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Em qualquer caso, repare-se: nesta história de um homem e uma mulher que aguardam a morte iminente da sua mãe, Moretti interpreta uma figura mais ou menos baça de uma empresa, atribuindo à sempre notável Margherita Buy o papel de... uma cineasta. O que conta é a encenação do tenaz desejo de viver, a partir de uma teia em que a proximidade da morte se diz tanto através de um desencantado realismo das emoções como de alguns subtis desvios oníricos (lembrando um pouco as ambivalências narrativas de Palombella Rossa, 1989). Dito de outro modo: a máxima complexidade exprime-se, aqui, através da mais fascinante depuração narrativa.
Classificação: *****