Cinco das vítimas mortais dos atentados de Paris sepultadas após despedidas emotivas

Caixão que transportou o cartoonista Tignous estava coberto de mensagens e desenhos.
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Cinco das vítimas mortais do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo foram hoje sepultadas, acompanhadas por milhares de pessoas, numa despedida emotiva, constatou a agência francesa AFP.

Georges Wolinski, de 80 anos, e Bernard Verlhac, de 57 e que assinava como Tignous, dois dos mais apreciados 'cartoonistas' franceses, foram sepultados, em cerimónias separadas e presenciadas por centenas de pessoas, entre familiares, amigos e autoridades, no cemitério parisiense de Père Lachaise, onde jazem vários outros artistas e músicos.

O caixão que transportou Tignous estava coberto de mensagens e desenhos, um dos quais mostrava um "estojo de sobrevivência no paraíso".

Os 'cartoons' também marcaram presença no funeral de Wolinski. Dentro do crematório do Père Lachaise, um dos seus últimos desenhos dele estava exposto, num cavalete.

Ambos os 'cartoonistas' foram assassinados por dois muçulmanos fundamentalistas armados, que atacaram a sede do Charlie Hebdo, no dia 07. Os dois irmãos, Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, assumiram o ataque, que justificaram como uma "vingança" pela publicação de caricaturas do profeta Maomé.

Os dois atacantes foram mortos pela polícia dois dias depois e, nesta quarta-feira, a Al-Qaida no Iémen reivindicou o atentado, num vídeo divulgado na Internet já considerado autêntico pelos Estados Unidos.

Uma multidão acompanhou também os funerais da colunista Elsa Cayat, a única mulher entre as vítimas mortais do ataque levado a cabo pelos irmãos Kouachi, que foi enterrada no cemitério parisiense de Montparnasse.

Na cidade de Bernay, no Norte de França, mais de mil pessoas acompanharam o funeral de Franck Brinsolaro, o polícia de 49 anos destacado para proteger o diretor do Charlie Hebdo, Stephane Charbonnier, mais conhecido como Charb.

Autor de muitos dos desenhos que retrataram o profeta Maomé nas páginas do Charlie Hebdo, gerando a ira de muçulmanos fundamentalistas, Charb vai ser enterrado na sexta-feira, em Pontoise, na zona oeste de Paris.

Uma faixa negra com a inscrição "Je suis Francky" -- uma variante de "Je suis Charlie", frase de solidariedade para com o jornal adotada em todo o mundo -- cobria o carro funerário.

O economista Bernard Marisque, de 68 anos e que assinava uma coluna de opinião no Charlie Hebdo e um programa na rádio pública, foi enterrado em Montgiscard, perto da cidade de Toulouse.

Entre os presentes no funeral de Marisque, que estava nas instalações quando foram atacadas pelos irmãos Kouachi, estava o escritor Michel Houllebecq, cujo último romance está a gerar polémica nalguns círculos, por ter como cenário uma França liderada por um Presidente muçulmano radical.

Para além do ataque contra o jornal satírico, que matou 12 pessoas, outros dois incidentes violentos marcaram a semana passada na capital francesa.

Um dia depois, Amédy Coulibaly iniciou uma escalada de violência, matando a tiro uma agente da polícia e tomando de assalto um supermercado de produtos judaicos, que resultou na morte de quatro reféns e do próprio Coulibaly, abatido pela polícia.

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