Coreia do Norte e Coreia do Sul vão assinar, até final do ano, um tratado que vai pôr fim oficial à guerra da Coreia, 65 anos após o fim das hostilidades que terminaram apenas com um armistício. O anúncio foi feito por Kim Jong-un e por Moon Jae-in, os líderes das duas Coreias reunidos numa cimeira histórica na zona desmilitarizada que separa os dois países..O documento, formalmente chamada Declaração de Panmunjon para a Paz, Prosperidade e Unificação na Península Coreana, foi revelado após um dia de negociações entre os dois líderes e na sequência de uma conversa privada de 30 minutos.."Somos um povo que não deve estar em confronto entre ele... devemos viver em união", afirmou Kim diante da Casa da Paz, acrescentando: "Esperámos muito por este momento. Todos nós". Ao seu lado, Moon garantiu que os dois lados acordaram a desnuclearização completa da península. "Não vai haver mais guerra na Península coreana, começou uma nova era de paz", garantiu o presidente sul-coreano após a assinatura da declaração..O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, sentaram-se frente-a-frente numa mesa oval, cada um rodeado por dois assistentes, permitindo que o arranque das conversações fosse transmitido em direto pelas televisões..A cimeira entre os líderes das duas Coreias teve início no lado sul da zona desmilitarizada que marca a fronteira no paralelo 38. Num momento cheio de simbolismo, Kim e Moon apertaram as mãos na fronteira, em frente à Casa da Paz em Panmunjon. Antes de atravessar para o lado sul-coreano da fronteira, Kim convidou Moon passar para o lado do Norte..Curiosamente, segunda a BBC, esta não terá sido a primeira vez que o presidente sul-coreano pisa solo norte-coreano, uma vez que em 2004, quando era assistente do presidente Roh Moo-hyun, juntou-se à mãe numa visita a familiares no Norte, no âmbito do programa de reunião de famílias separadas pela guerra..Entre uma primeira ronda de discussões e uma segunda, os dois líderes participaram numa cerimónia em que plantaram uma árvore, com Kim a falar numa "nova primavera" entre os dois países. "Espero que a nossa relação possa crescer tal como este pinheiro", afirmou o líder norte-coreano. Ao que Moon respondeu: "Sim, espero que isso aconteça"..Antes do início da cimeira, Kim Jong-un saudou o nascimento de uma nova era de paz.."Uma história nova começa agora - no ponto de partida da história e de uma era de paz", escreveu o líder norte-coreano no livro de honra colocado nas instalações, no lado sul da fronteira, onde decorrem as conversações..No arranque dos trabalhos, e segundo a Associated Press, Kim Jong-un disse a Moon Jae-in que não iria repetir o passado onde as duas partes se mostraram "incapazes de alcançar acordos"..Já o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse ao líder norte-coreano que espera da cimeira a conclusão de um "acordo audacioso"."Espero que tenhamos discussões francas e que alcancemos um acordo audacioso a fim de oferecer ao conjunto do povo coreano e aos que querem a paz um grande presente", disse Moon, citado pela AFP..Depois da tensão provocada pelo lançamento de mísseis e pelo sexto ensaio nuclear norte-coreano em 2017, poucos previam na altura uma aproximação tão rápida entre as duas Coreias. Mas depois de um discurso de ano novo mais conciliatório por parte de Kim, o ponto de viragem foram os Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, em fevereiro. Na cerimónia de abertura, os dois países desfilaram juntos sob a mesma bandeira..Este encontro é o terceiro do género desde o fim da guerra da Coreia, que terminou em 1953. O primeiro teve lugar em 2000 entre o presidente sul-coreano Kim Dae-jung e o líder norte-coreano Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, o segundo realizou-se em 2007 de novo com Kim Jong-il mas com Roh Moo-hyun do lado da Coreia do Sul..Para maio está previsto um encontro entre Kim Jong-un e o presidente americano, Donald Trump. O local onde esta cimeira histórica irá decorrer ainda não foi divulgado.